Sindicato: mil novos enfermeiros «é insuficiente» - TVI

Sindicato: mil novos enfermeiros «é insuficiente»

Enfermeira [Foto: Reuters]

Profissionais dizem que problema dos dias de trabalho em dívida, turnos extraordinários e folgas não gozadas não se resolve só com estas novas contratações

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Atualizada às 21:00 com reação do Bastonário dos Enfermeiros

Para o Sindicato dos Enfermeiros, as mil novas contratações de enfermeiros anunciadas na quinta-feira não chegam. Não resolvem, alegam os profissionais, «os milhares de dias de trabalho em dívida», «os milhares de turnos extraordinário» que são «obrigados» a fazer, «as centenas de dias de folga não gozados». Também o bastonário da Ordem dos Enfermeiros critica aquilo que designa por contratações «a conta gotas».

A Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) divulgou ontem, em comunicado, que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai contratar mais de mil enfermeiros até ao final do ano, precisando que já foi autorizada a contratação de 585 enfermeiros, e já está «em fase final de autorização» a contratação de outros 344. No total, 929 processos de contratação.

Na reação, o sindicato diz que até 17 de setembro, data da última reunião entre a tutela e o sindicato, já tinham sido autorizadas 585 contratações - para as quais será necessário abrir bolsas de recrutamento - e estavam pendentes 344 autorizações de contratação no Ministério das Finanças, o que totaliza 929 enfermeiros. Ou seja, «o Ministério da Saúde só vai contratar mais 71 enfermeiros, até ao final do ano», cita a Lusa. Para o sindicato, a única novidade é essa.

O SEP exige, assim, que Ministério da Saúde anuncie quantos enfermeiros vai contratar, ainda em 2014, «que permita minimizar os problemas de funcionamento das instituições» e que «apresente um plano de contratação de médio e longo prazo».

«Processo de contratação é burocrático, negligente e obsoleto»

O bastonário da Ordem dos Enfermeiros também criticou aquilo que designa por contratações a «conta-gotas» feitas para preencher as «graves carências do país» nesta matéria. Germano Couto considera que têm sido efetuadas «com uma certa indiferença perante as necessidades dos cidadãos».

«As necessidades de saúde das pessoas não se coadunam com processos de contratação burocráticos negligentes, completamente indolentes e obsoletos», lê-se numa nota de imprensa assinada pelo bastonário.

«Há colegas que se aposentam e não são substituídos, há situações de doença ou de licenças parentais que não obtêm o necessário apoio de retaguarda», referiu, acrescentando que a região centro tem sido um exemplo dessas políticas.

A medida anunciada ontem surge depois das queixas da Ordem dos Enfermeiros, que tem alertado para o estado de exaustão em que se encontram, por causa dos turnos longos e do elevado número de doentes por enfermeiro.

Os mesmos motivos são apontados pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses que marcou uma greve nacional para os dias 24 e 25.

No início do mês o ministro da Saúde, Paulo Macedo, tinha já reconhecido a existência de «insatisfação» entre os profissionais do setor, mas considerou «anormais» e em «risco de banalização» as greves que afetam apenas o SNS.
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