Casa Pia: Ferro recusa ter exercido «pressões» - TVI

Casa Pia: Ferro recusa ter exercido «pressões»

Casa Pia - Foto de Inácio Rosa/Lusa [arquivo]

Antigo líder do PS foi ouvido em tribunal na qualidade de testemunha

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O ex-secretário-geral do PS Eduardo Ferro Rodrigues negou esta quinta-feira, em tribunal, na qualidade de testemunha, ter exercido qualquer «pressão política» no âmbito do processo «Casa Pia», depois do seu nome e o de Paulo Pedroso terem surgido em depoimentos de alunos e ex-alunos da instituição, vítimas de abuso sexual.

O actual embaixador de Portugal na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) chegou ao tribunal de Monsanto, em Lisboa, debaixo de chuva, cerca de 20 minutos antes das 14h00, hora para que estava agendado o início da sessão do julgamento. Os jornalistas ainda tentaram obter um comentário. «Só lá dentro, só lá dentro», disse o antigo líder socialista, que apesar da assiduidade, só começaria a ser ouvido duas horas depois.

Arrolado como testemunha por Carlos Silvino e Carlos Cruz, foram os advogados destes dois arguidos que colocaram as principais questões a Ferro Rodrigues.

Ricardo Sá Fernandes, representante jurídico do ex-apresentador, foi o primeiro a quem o antigo ministro disse que soube que o seu nome estaria a surgir nos depoimentos do processo através da sua esposa. «Contou que um colega dela disse ter ouvido que o meu nome e o de Paulo Pedroso tinham sido referidos no processo», apontou.

Conversa com Saldanha Sanches

Porém, Ferro explicou que esta informação foi recebida sem que lhe atribuísse relevância especial e que só quando o fiscalista Saldanha Sanches (casado com procuradora do Ministério Público Maria José Morgado) o abordou acerca do mesmo tema, tomou «medidas de protecção».

«O momento em que fiquei verdadeiramente espantado e tomei medidas de protecção dos dirigentes socialistas foi quando Saldanha foi à sede do PS dizer que o nome de Paulo Pedroso e o meu tinham sido referidos», explicou.

Ferro Rodrigues disse que Sanches falou com ele numa conversa privada, e lhe disse que o seu nome estaria a ser «plantado» nos depoimentos do caso.

O antigo dirigente político disse não ter questionado Saldanha Sanches sobre como o fiscalista terá obtido a informação que lhe expôs, mas que lhe deu credibilidade. «Achei que era uma informação fidedigna», afirmou, justificando esta sua convicção devido às «boas relações no meio judicial e fiscal» de Sanches.

Depois desta conversa o antigo ex-dirigente socialista tomou a iniciativa de falar com Presidente da República e escreveu uma carta ao Procurador-geral da República, medidas que disse ter tomado «10 a 15 dias» depois de Paulo Pedroso ter sido detido.

«Operação política de decapitação do maior partido a oposição»

Questionado por José Maria Martins, advogado de Carlos Silvino, sobre estas medidas configurarem pressões e uma violação de um caso em segredo de justiça, o representante de Portugal na OCDE, disse que a carta ao PGT «não foi uma pressão política», mas antes uma forma de «sensibilizar o PGR para algo muito grave que estava a acontecer».

Ferro Rodrigues disse não querer entrar em «especulações» sobre os motivos para que nomes de dirigentes socialistas surgissem nos depoimentos das alegadas vítimas. Mas instado falar sobre o tema, mencionou duas hipóteses. Uma delas de cariz «judicial», que teria como objectivo prejudicar a investigação. Outra com finalidades «políticas»: «Uma operação política de decapitação do maior partido a oposição».
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