«Má gestão não é das instituições» - TVI

«Má gestão não é das instituições»

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Responsável pelos politécnicos refuta ministro das finanças e salienta a redução do orçamento em 20 por cento dos últimos três anos

O responsável pelo órgão que representa os Politécnicos refuta as acusações do ministro das Finanças de má gestão no Ensino Superior e considera que a falta de dinheiro não põe em causa a abertura do próximo ano lectivo, refere a agência Lusa.

«Não tem razão o senhor ministro, quando diz que é um problema de gestão. Talvez lá no ministério das Finanças sim, mas nas instituições o problema é completamente diferente», declarou o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Luciano Rodrigues de Almeida.

São necessários 30 milhões de euros para as dificuldades

«O que acontece é que reduziram o orçamento das instituições três anos seguidos nominalmente e ainda criaram despesas adicionais de 11 por cento sobre a fatia maior das despesas do orçamento das instituições», afirmou este responsável, considerando que «o Ensino Superior teve uma redução real de 20 por cento nos últimos três anos».

Os politécnicos consideram precisar de 30 milhões de euros para fazer face a estas dificuldades orçamentais, contas a que chegaram depois de considerar «o aumento dos 11 por cento para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), mais o aumento de vencimentos de 2,5 por cento, mais as reduções do orçamento».

«As duas únicas instituições que ainda têm saldos que podem utilizar são o Politécnico do Porto e o Politécnico de Lisboa", disse.

Bragança, Viana do Castelo e Portalegre são os que estão em pior situação

Luciano Almeida sublinhou que os três Politécnicos em pior situação têm sido os de Bragança, Viana do Castelo e Portalegre, que já tiveram reforço orçamental. A generalidade dos Politécnicos «entram naturalmente em situação de ruptura, naturalmente com maior ou menor intensidade», o que «verificar-se-á até ao final do ano».

«Os descontos para a CGA até podem subir para os tais 15 por cento, desde que o Governo transfira para as instituições o dinheiro, agora o que o Governo não pode fazer é continuar a financiar a Ciência à custa do Ensino Superior», denunciou.

Apenas a má gestão pode por em causa o inicio do ano lectivo e não o orçamento

Apesar das dificuldades financeiras, Luciano Rodrigues de Almeida considera que não existe o risco de encerramento de algumas instituições, «a não ser que quem dirige uma instituição seja completamente irresponsável».

«Quando se faz o discurso que algumas instituições fazem, de que está em risco a abertura do ano lectivo, eu diria que é um discurso tão errado como o de quem diz que o problema é um problema de gestão», afirma, considerando que «a questão que se coloca é em termos de qual é o padrão de qualidade em que as instituições vão funcionar».

«Como 90 por cento do pessoal docente nos Politécnicos é precário, naturalmente deixaremos de renovar alguns contratos», exemplifica. Medidas como esta implicam maior carga lectiva para os outros docentes, diminuição do tempo para acompanhamento dos alunos e turmas maiores.

«Conseguiremos padrões de qualidade de ensino médios, mas é evidente que mal vai um país que se contenta com padrões médios de qualidade do seu ensino e pior vai um país que cria essa situação às instituições de Ensino Superior», conclui.
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