«Pidá» depõe em tribunal como testemunha - TVI

«Pidá» depõe em tribunal como testemunha

Bruno Pidá foi detido no âmbito da operação «Noite Branca» (João Abreu Miranda/Lusa)

Cunhado de Bruno Pinto acusado de tentativa de homicídio

Bruno Pinto (Pidá) foi ouvido esta tarde no Tribunal de São João Novo, no Porto, como testemunha num processo em que o seu cunhado responde por homicídio qualificado na forma tentada. O crime terá ocorrido a 2 de Julho de 2004, cerca das duas da manhã, junto à Torre 1 do Bairro do Aleixo.

José Fernando Marques da Silva, conhecido como «Nando Leitinho», casado com uma irmã de «Pidá», recusou prestar depoimento na audiência. «Não tenho nada a ver com isso», referiu no início do julgamento.

O arguido está acusado de disparar dois tiros que atingiram a vítima no abdómen e nas costas, munido de um revólver de calibre 6,35, com intenção de matar. Segundo o Ministério Público, o ofendido só não morreu porque as balas não atingiram órgãos vitais e porque foi prontamente socorrido.

O depoimento da vítima também pouco adiantou à acusação. António Manuel Guedes da Silva, que mantém uma bala alojada no corpo, afirmou desconhecer o autor dos disparos, já que no local se encontravam «cinco ou seis pessoas» armadas.

Alguém o ameaçou?

Às perguntas do juiz «sente-se coagido? Alguém o ameaçou? Andaram à sua procura?», a vítima respondeu que não. E nem sequer conseguiu identificar o arguido. «Este senhor estava lá?», quis saber o magistrado, ao que António Marques da Silva respondeu: «Não sei. Eventualmente poderá ter estado».

Logo de seguida afirmou que o homem com quem se envolveu à pancada, e que o baleou, «era mais baixinho e mais gordo». «Não me pergunte quem é que foi. Isso gostava eu de saber porque tenho uma bala alojada até hoje».

O conflito terá começado com um empurrão fortuito à entrada da Torre 1. «Eu vinha de um jantar de aniversário. Já estava com os copos e com pouca paciência», referiu a vítima, acrescentando que desferiu alguns socos no arguido e que este voltou 15 minutos depois com um grupo de «5 ou 6» homens armados. «Ele veio tirar satisfações. Dei e levei», acrescentando. «Foi o homem com quem andei à porrada que deu o tiro. Apontou a arma e deu um tiro», referiu, ao mesmo tempo que reproduziu o gesto.

«Então o senhor sabe que esteve duas vezes ao soco com a mesma pessoa e não sabe se é o homem que está aqui?», questionava já irritado o juiz, perante a hesitação da vítima. «Disseram-me que foi o Nando que me deu o tiro».

O barulho provocado pela contenda à porta da sala de audiência (ler Pidá; tribunal em polvorosa) levou o juiz a mandar evacuar o corredor, tendo os gritos e insultos prosseguido à porta do tribunal, em plena via pública, mesmo por baixo da janela da sala de audiência. «Foi pior a emenda do que o soneto», ironizou o juiz, que mal conseguia ouvir o depoimento do ofendido.

«Pidá» saiu do trabalho para acudir a familiar

Bruno Pidá, ouvido como testemunha, afirmou que acorreu ao Bairro do Aleixo na noite do crime, na sequência de uma chamada «de uma pessoa do Bairro», que afirma desconhecer, mas que lhe dava conta de que «um familiar (de Pidá) tinha problemas no Bairro do Aleixo».

Na altura estava a trabalhar como segurança no «Arrábida Shopping», no turno das «21:30 às 3 ou 4 da manhã». Pediu autorização e saiu com um carro emprestado. Deslocou-se ao Aleixo «antes da uma da manhã». Ali chegado, avistou um aglomerado de gente. «Vi um aglomerado de gente e perguntei se havia algum problema com o Fernando?». Como lhe disseram que não, regressou ao trabalho. «Demorei 10 a 15 minutos entre ir e vir», acrescentou.

Refira-se que Bruno Pinto, actualmente em prisão preventiva, está indiciado por dois homicídios (Aurélio Palha e Ilídio Correia), um crime de ofensa à integridade física, bem como de 12 tentativas de homicídio, um crime de detenção de arma proibida e um crime de associação criminosa.
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