Portuguesa presa na Venezuela pede ajuda a Sócrates - TVI

Portuguesa presa na Venezuela pede ajuda a Sócrates

Prisão

Afirma-se inocente e revoltada por ter de abdicar da acção de recurso para poder ter um indulto, que lhe foi prometido, mas nunca chegou

A portuguesa Maria Antonieta Liz, presa há cerca de quatro anos na Venezuela por tráfico de droga, renovou apelos aos chefes dos governos português e venezuelano para que a ajudem na sua libertação, reafirmando ser inocente.

«Peço às pessoas que me podem ajudar que pensem onde me podem ajudar a sair deste inferno», disse Maria Antonieta Liz em declarações à Agência Lusa no Instituto Nacional de Orientação Feminina (INOF) em Los Teques, a 25 quilómetros de Caracas, onde cumpre uma pena de nove anos de prisão.

Maria Antonieta Amaral Liz, 60 anos, foi condenada a 15 de Dezembro de 2005, juntamente com outras duas portuguesas e seis venezuelanos.

O processo resultou da detecção, a 24 de Outubro de 2004, de cerca de 400 quilos de cocaína de alta pureza num avião Citation X fretado pela Air Luxor, cuja tripulação impediu que a droga fosse enviada da Venezuela para Portugal.

Na véspera de um encontro, em Lisboa, entre o primeiro-ministro português e o presidente venezuelano, Maria Antonieta Liz recordou que já em 2007, escreveu a José Sócrates e a Hugo Chávez a pedir que o seu caso fosse resolvido com celeridade.

«A carta que eu escrevi ao senhor presidente Chávez, nunca tive uma resposta. Do senhor primeiro-ministro, perguntei para Portugal se tinham alguma notícia e disseram-me que nada», sublinhou.

Por outro lado, referiu que a 01 de Maio deste ano (antes da visita de José Sócrates à Venezuela), foi visitada na cadeia por funcionários «mandados pelo senhor presidente Hugo Chávez» para lhe oferecerem um indulto, com a promessa de quesairia na semana seguinte» para «depois ir para Portugal com o senhor primeiro-ministr.

«Em Agosto, esteve aqui novamente a fiscal nº 14, que me veio pedir desculpa pelos atrasos», contou, referindo que lhe foi dito então que, «os papéis já estavam completamente organizados» pelo que «o indulto ia sair».

«Até agora, não tive indulto nenhum», lamentou, frisando saber que Hugo Chávez já concedeu indultos. «Adorava saber porque é que eu, com três anos e 11 meses [na prisão], inocente, com tudo a meu favor, continuo presa. Não consigo perceber», disse.

Desistiu da acção para poder ter o indulto

«É super incorrecto aquilo que me estão fazendo, porque eu estou a pagar uma pena que não tenho (...) de pagar (...) e nunca mais vejo o fim a isto. E os anos vão passando e eu vou continuando aqui», afirmou.

Dos condenados no caso, Maria Antonieta Liz foi a única que recorreu da pena, mas contou à Lusa que foi obrigada a «desistir da acção» para «poder ter o indulto».

«Ou seja, eu tinha que assinar a minha sentença, só assim poderia ter o indulto. Fui a tribunal exactamente para isso. Quando cheguei, disseram-me que o melhor era assinar e pedir a repatriação», afirmou.

Segundo referiu, a juíza que a ouviu nessa ocasião disse-lhe não ter conhecimento de qualquer indulto presidencial e que «o melhor era pedir a repatriação, que era a maneira de poder ir para Portugal».

«A coisa mais dolorosa que eu fiz na minha vida foi assinar uma sentença de 9 anos de um crime que eu não cometi», disse.

Maria Antonieta Liz referiu ainda saber de processos de extradição na Venezuela que demoraram mais de dois anos.

«Assim, cumpro uma pena total, praticamente», disse, acrescentando não querer desembarcar em Portugal com algemas postas» como se «fosse uma criminosa». «Acho injusto que me façam uma coisa destas», sublinhou.

A Agência Lusa tentou, sem sucesso, saber junto das autoridades venezuelanas qual a situação do indulto que terá sido prometido a Maria Antonieta Liz.
Continue a ler esta notícia