Lenços brancos para a ministra da educação - TVI

Lenços brancos para a ministra da educação

  • Portugal Diário
  • 1 mar 2008, 20:44
Vigília de professores e educadores em Torres Vedras (Foto Lusa)

Mais de três mil professores manifestaram-se em Viana do Castelo

Relacionados
Mais de três mil professores manifestaram-se em Viana do Castelo contra as políticas educativas do Governo e exigiram a demissão da ministra Maria de Lurdes Rodrigues, acenando-lhe com lenços brancos e dispensando-lhe ruidosas vaias.

O protesto, convocado por SMS (mensagens de telemóvel), começou na Praça da República, onde os professores cantaram, em coro e repetidamente, «Está na hora, está na hora, de a ministra ir embora».

Durante mais de duas horas, os professores fizeram ouvir as suas vozes de descontentamento pelas ruas da cidade, tendo o protesto terminado frente ao Governo Civil, onde centenas e centenas de lenços brancos voltaram a esvoaçar, exigindo a demissão da ministra da Educação.

«Ao contrário do que parece que está a passar para a sociedade, os professores não estão nestes protestos por todo o País por causa da avaliação e da forma como ela vai ser feita. A avaliação foi apenas a gota de água que fez transbordar o nosso copo. Estamos fartos de medidas mal pensadas, completamente descontextualizadas, e por isso é que tivemos de sair para a rua», disse à Lusa a professora Fátima Laranjeira.

Professora há 23 anos, Manuela Gomes empunhava um cartaz onde se lia "A ministra diz que ouve os professores: estamos aqui".

«O problema é que a ministra não nos ouve. Decide sem nos ouvir. Esta questão da avaliação é uma prova disso mesmo. Não somos contra a avaliação, mas cabe na cabeça de alguém fazer a avaliação dos professores no final do 2º período, quando eles têm tanto trabalho para fazer em casa e quando estão a braços com a avaliação dos alunos? Não seria mais aconselhável deixar essa avaliação para o próximo ano lectivo?», questionava, indignada, Manuela Gomes.

Anterior coordenador do Centro de Área Educativa de Viana do Castelo, Aristides Sousa marcou igualmente presença na manifestação de hoje, contra o «autoritarismo» do Ministério da Educação e contra a «divisão artificial» que a tutela criou entre a classe docente, com a «história dos professores titulares e não titulares».

Aristides Sousa criticou, nomeadamente, o facto de os jovens estarem impedidos de aceder à carreira de professor titular, «criando a ideia, de todo falsa, que só a experiência é sinónimo de competência».

«Esta e outras manifestações do género que se estão a realizar por todo o país são a nossa avaliação das políticas do Ministério da Educação», sublinhou.

No meio da manifestação de Viana do Castelo sobressaía ainda um carrinho de bebé, com um miúdo de 14 meses e com um cartaz com a frase: «Também estou colocado a 150 quilómetros de casa».

«Sou de Viana do Castelo mas dou aulas em Marco de Canaveses. Passo lá toda a semana, com o meu filho, enquanto o meu marido fica cá», referia a mãe, professora de educação física há 14 anos e que antes já «penou» pela Guarda, pela Madeira e por Vila Nova de Cerveira.

«Os professores já são tão castigados, penso que não será preciso agora imporem-nos uma avaliação feita de uma forma completamente disparatada e sem qualquer nexo», disse.
Continue a ler esta notícia

Relacionados