Violência doméstica: 16 pessoas morreram em 2009 - TVI

Violência doméstica: 16 pessoas morreram em 2009

Violência Doméstica

Relatório «Violência Doméstica 2009» revela que o número de mortes e queixas aumentou em relação ao ano anterior

No ano passado 16 pessoas morreram em Portugal em consequência de violência doméstica, mais seis do que em 2008, de acordo com um relatório da Direcção-Geral de Administração Interna.

O relatório «Violência Doméstica 2009», a que a Lusa teve acesso, revela que foram feitas 30 543 participações por violência doméstica às forças policiais. Entre estas houve «diversos casos em que os ferimentos foram graves» e registou-se «a morte de 16 vítimas».

A subida em relação a 2008 não se regista apenas no número de mortes, mas também no número de participações, que aumentaram 10,1 por cento.

São apresentadas «três a quatro queixas por hora» de violência doméstica. E este é mesmo o «quarto crime mais registado em Portugal» e o «segundo crime mais registado na tipologia de crimes contra as pessoas».

As mulheres continuam a ser as principais vítimas destes crimes (85 por cento), com uma idade média é de 39 anos, mais de metade casadas ou em união de facto, na maioria dos casos com o agressor. Destas, 77 por cento não dependiam economicamente do agressor.

Em 89 por cento dos casos foi a própria vítima a denunciar o ocorrido às autoridades, que foram chamadas a intervir em 77 por cento das queixas.

O relatório revela ainda que em 16 por cento das ocorrências comunicadas, foram utilizadas armas, em 46 por cento havia registo de «consumo habitual de álcool» e em 11 por cento de consumo de estupefacientes.

As agressões foram praticadas maioritariamente na casa da vítima (80 por cento dos casos) e em 45 por cento doas casos foram presenciadas por menores.

Junho e Agosto foram os meses mais críticos, com uma média de queixas diárias de 97 a 98. Os dias em que se registam mais queixas são o domingo e a segunda-feira.

Com mais de cinco participações por mil habitantes, as comarcas de São João da Madeira, Porto, Espinho e Sintra são as mais problemáticas do Continente. Já Nordeste, Ribeira Grande, Ponta Delgada e Povoação foram as comarcas com maior taxa de incidência nos Açores e o Funchal e Santa Cruz são as comarcas da Madeira com mais queixas registadas.

Governo apresenta portarias que definem estatuto das vítimas

A secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais, apresenta esta quarta-feira as portarias que regulamentam o regime de protecção às vítimas de violência doméstica.

Em relação ao relatório «Violência Doméstica 2009», Elza Pais disse à Lusa que o aumento de queixas indica uma «desocultação» do fenómeno da violência doméstica e que o aumento de 10,1 por cento em 2009, em relação ao ano anterior, representa «uma desaceleração».

Elza Pais destacou que as portarias apresentadas esta quarta-feira vão definir as condições para a utilização de vigilância electrónica dos agressores e para a teleassistência, que está ainda em «projecto-piloto» nas comarcas de Coimbra e Porto.

Os projectos serão «sujeitos a avaliação daqui a um ano» e então ver-se-á se «há condições para os alargar a outros distritos, o que não quer dizer que pontualmente essas medidas não possam já ser requeridas pelos magistrados para serem aplicadas noutros distritos».

As portarias definem também o modelo do estatuto da vítima, que lhe confere a possibilidade de ser indemnizada pelo agressor, reembolsada das despesas com o processo e de lhe ser atribuído o documento que comprova o «estatuto de vítima», que dá acesso a benefícios sociais, apoio ao arrendamento e frequência de formação profissional.

A secretária de Estado da Igualdade apresenta ainda mais uma etapa da campanha «Cartão vermelho à violência doméstica». O objectivo é sensibilizar empresas e autarcas para que seja encorajada a denúncia deste crime.
Continue a ler esta notícia