«Não sou serial killer e muito menos tarado sexual» - TVI

«Não sou serial killer e muito menos tarado sexual»

Julgamento do <i>serial killer</i> - Foto Paulo Novais para Lusa

Autarca recorda mensagem do arguido. Defesa teme «pressões»

A condição de «pessoa idónea e séria» levou o actual presidente da Junta de Freguesia de Santa Comba Dão, Rui Ramos, a convidar o ex-cabo da GNR, acusado da morte de três jovens, a integrar a lista para a Assembleia de Freguesia. António Costa desempenhou o cargo de segundo secretário até ter sido forçado a renunciar ao mandato, na sequência da detenção.

O autarca recordou ainda que foi por sugestão do arguido que a Junta decidiu incluir «a família do senhor Roldino», pai da primeira vítima, Isabel Cristina, na lista de «famílias carenciadas» a quem deveria ser entregue um cabaz de Natal.

Foi o próprio arguido quem se deslocou a casa dos pais de Isabel Cristina para entregar o referido cabaz, em Janeiro de 2006, sete meses após o desaparecimento da jovem.

«Não sou serial killer e muito menos tarado sexual»

Rui Ramos relatou ainda em tribunal o conteúdo de uma «mensagem escrita» que António Costa entregou ao presidente da Junta, na mesma altura em que renunciou ao mandato, após ter sido detido.

Nela, o arguido pedia «que não acreditassem que era serial killer, assassino em série» e «mostrava-se magoado» com o facto de não lhe terem manifestado apoio.

O advogado dos familiares de Joana precisou o conteúdo da mensagem anexada ao processo. «Não sou assassino em série, nem psicopata e muito menos tarado sexual». Não era esta a frase?, perguntou o causídico, ao que o autarca respondeu que «sim».

Mariana queria ser «modelo» e Joana «educadora de infância»

Durante a tarde, o tribunal ouviu ainda familiares da segunda vítima, Mariana, que testemunharam a grande dor que assolou a família. Mariana «queria ser modelo» porque era «muito bonita» e porque «queria ajudar a mãe», referiu o tio, Luís Gomes. Por seu lado, o cunhado da jovem, Pedro Simões, acrescentou que a mãe da jovem é pessoa humilde e que «se já vivia numa situação precária, agora ficou muito pior».

O marido da irmã de Mariana acrescentou que a sogra tem sido assistida por um psiquiatra. «Fui n vezes com ela ao centro de saúde». «Foi muito doloroso. É muito doloroso».

Já a testemunhas indicadas pela família de Joana, para justificar o pedido de indemnização civil, referiram que a jovem era «uma miúda saudável, alegre e sociável» que ambicionava ser «educadora de infância». Foi com as lágrimas nos olhos que os pais de Joana ouviram a testemunha Ana Paula Tomás referir que «esta família nunca mais vai ser a mesma».

Defesa de Costa diz que testemunhas vão sofrer pressões

Entretanto, o juiz aceitou o pedido da defesa para adicionar mais seis testemunhas que a advogada considera «importantes para a descoberta da verdade». À saída do tribunal, a causídica, Carla Bettencourt, mostrou-se convicta de que «estas testemunhas vão ser pressionadas» para não dizerem o que sabem em tribunal.

Entre as seis testemunhas indicadas, consta Tiago Branquinho, amigo de Mariana, a quem a segunda vítima terá referido que manteve uma relação sexual com um homem adulto, facto de que se envergonhava. A defesa admite que esse homem seria Rogério, tio de Mariana, com quem a jovem residia e a quem o arguido acusa de ser o autor dos três crimes.

Do novo rol de testemunhas consta ainda um ex-GNR, a mãe de Tiago Branquinho, para além do barbeiro de Santa Comba e de uma prima de Joana.

O julgamento prossegue no dia 2 de Julho, às dez da manhã.



Leia a primeira parte deste artigo: «Fui importunada por ele»
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