Portagens: Governo quer «penalizar região Norte»

Inserir portagens na A41 e na A28, antigos IC-24 e IC-1, é «um acto injusto, sem qualquer razão de ser, que não seja a de penalizar os milhares e milhares de automobilistas e as milhares de empresas da região Norte que todos os dias utilizam aquelas vias». A afirmação é do presidente da Câmara da Maia que lança também um desafio ao ministro das Obras Públicas: «Venha conhecer as não-alternativas estradas municipais 107 e 13, num normal dia de trabalho e sem os batedores da GNR».

O IC24, concluído em 1995, foi construído como traçado paralelo à EN107 que atravessa o concelho da Maia. A estrada nacional foi então entregue à Câmara e passou a integrar a rede viária municipal. Ao colocar portagens no IC24 a alternativa à EN107 desaparece, porque a estrada não está preparada para tráfego forte. Bragança Fernandes afirma que a criação de portagens «terá como consequência primeira o aumento dos números da sinistralidade, e também uma forte pressão negativa em termos ambientais.»

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Com a construção do IC24, os moradores de 12 das 17 freguesias da Maia passaram a pagar uma contribuição especial decorrente do aumento do valor dos prédios, o município considera, por isso, injusto que os habitantes do concelho tenham agora de pagar duas vezes.

O acesso ao aeroporto é mais uma das razões apresentadas por Bragança Fernandes contra a criação de portagens, algo que declara ser «completamente insólito a nível europeu». O IC24 serve também de acesso ao Centro de Incineração Lipor II para onde seguem «os camiões do lixo de toda a área metropolitana e que estão proibidos de usar as vias municipais, conforme o acordo então realizado para a construção da Lipor II», continuou. O autarca explicou ainda em conferência de imprensa que esta situação obrigará os municípios a cobrar mais pela recolha e tratamento do lixo para suportar os custos das portagens.

Bragança Fernandes sublinhou também que a criação de portagens na A41 vai contra o chamado «critério 3 para a introdução de portagens» estabelecido pelo Governo, segundo o qual o tempo de viagem na via alternativa não pode ser superior a 1,3 vezes. No caso do trajecto de 18 km entre Alfena (Valongo) e Freixieiro (Matosinhos), que integra na totalidade o concelho da Maia, o tempo de percurso passa de nove para 38 minutos.