A «comunidade ultra secreta» das prostitutas de luxo - TVI

A «comunidade ultra secreta» das prostitutas de luxo

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Investigador apresenta resultados de pesquisa na conferência «As regras da atracção», em Lisboa

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São mulheres bonitas de corpos esculturais e têm um emprego tradicional mas conhecimentos na alta sociedade. Além do dinheiro, muitas também procuram prazer: são prostitutas acompanhantes de luxo. Todas fazem parte de uma «pequena comunidade secreta» a ser investigada por um sociólogo do ISCTE, refere a Lusa.

Bernardo Coelho trabalha no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e em 2002 começou o trabalho de pesquisa para tentar perceber «as atracções no contexto das prostitutas acompanhantes e os seus clientes».

Hoje vai apresentar alguns dos resultados da investigação na conferência «As regras da atracção», que se realiza na Culturgest, em Lisboa.

Deixou de lado as mulheres de rua, as que estão envolvidas em redes, as que trabalham pensando «quanto mais depressa despachar o cliente, melhor», para se centrar nas prostitutas acompanhantes.

Neste estudo, a precariedade e a vulnerabilidade da mulher que faz sexo em pensões ou no carro do cliente e a mulher que arrisca tudo, até ser vítima de violência, dão lugar a um mundo onde o «sexo fraco» se pode dar ao luxo de escolher quem atende.

O que as leva a fazer isto?

Mas existem vários tipos de prostitutas acompanhantes: há as dos anúncios nos jornais, as dos sites na Internet e as das redes de contactos restritos. Em comum têm apenas a resposta à pergunta «o que as leva a fazer isto?»: Dinheiro. E é o uso que lhe dão que faz a diferença.

«Algumas vêem a prostituição numa lógica da sobrevivência, porque dependem exclusivamente do que ganham e muitas vezes precisam do dinheiro para sustentar os filhos. Depois existe um outro grupo que pede valores muito mais elevados e que usa o dinheiro apenas para ter uma vida que consideram mais glamourosa e luxuosa», explica Bernardo Coelho, acrescentando que «usam o dinheiro para outros consumos, como ter um carro melhor, poder fazer viagens ou tratamentos em SPAs».

Além dos bens materiais que conseguem ter com o dinheiro que ganham, estas mulheres têm prazer com a sua actividade, até porque «erotizam a própria prática da prostituição».

«É uma prostituição ultra secreta», reconhece Bernardo Coelho, que está a aprofundar a história de duas mulheres. Não têm anúncios nos jornais, nem deixam contactos em sites da Internet e, por isso, aceder a estas mulheres jovens e bonitas com corpos esculturais está ao alcance de muito poucos, apesar de desejadas por muitos.

«A rede é completamente fechada, ninguém sabe que esta ou aquela mulher é uma prostituta nem quem são os homens que recorrem aos seus serviços», diz.

Só os homens com poder económico, que pertencem a classes sociais de algum estatuto, com profissões liberais ou de direcção conseguem ter a companhia destas prostitutas acompanhantes.

O investigador explica que este é um «mundo social restrito» onde circulam discretamente mulheres entre os 18 e os 35 anos, idade em que entram numa «fase de decadência, porque o corpo deixa de corresponder às expectativas que os homens querem».

Os seus atributos físicos, o uso que conseguem fazer do seu corpo, os conhecimentos linguísticos e até a possibilidade de poder viajar fazem subir o seu preço.

E quanto custa ter uma mulher destas? «Os valores não são tangíveis», explica o sociólogo. O homem não deixa dinheiro na mesinha de cabeceira, nem as mulheres aceitam receber por um encontro. «Às vezes, eles podem pagar a renda da casa ou do carro, fazem transferências bancárias».

Escolheram-nas para ter relações sexuais descomprometidas, para romper com relações rotineiras e poder simular a conquista sexual, mas muitos homens acabam por ficar dependentes delas.

Os homens procuram-nas para afirmar a sua masculinidade, mas no final «têm medo de serem expostos e, por isso, aceitam as regras delas com alguma passividade. Existe um grande temor de se poder descobrir que, afinal, aquela mulher não é uma conquista».
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