Face Oculta: diretora da REN mantém versão - TVI

Face Oculta: diretora da REN mantém versão

José Penedos

E diz que nunca recebeu instruções do ex-presidente da empresa, José Penedos

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A diretora da REN Maria José Clara manteve, mesmo depois de sujeita a uma acareação com o seu subordinado Andrade Lopes, que nunca recebeu instruções do ex-presidente da empresa, José Penedos, muito menos a favor do sucateiro Manuel Godinho.

«Nunca recebi instruções diretas do engenheiro José Penedos. Com ele, só conversas circunstanciais», disse Maria José Clara, antiga diretora da Divisão de Gestor de Mercados da REN e atual diretora-geral da REN, SGPS, que começou a testemunhar hoje no tribunal de Aveiro, no âmbito do processo Face Oculta.

«Também nunca recebi nenhuma instrução do engenheiro Vítor Baptista», acrescentou, numa alusão ao administrador da REN de quem dependia diretamente.

A diretora da REN negou igualmente qualquer conversa telefónica com o seu subordinado, que este invocou em audiência, acerca de supostas pressões do topo da hierarquia.

«Seguramente, não teria essas conversas com o engenheiro Andrade Lopes», assegurou, quando questionada pelo procurador Marques Vidal.

Já na acareação, pedida pelo Ministério Público, usou uma nuance: «Não me lembro de nenhum telefonema, mas nunca recebi nenhuma instrução do engenheiro Penedos».

Um trabalho na Central da Tapada do Outeiro, que estava confiado à empresa Caflixo, acabou entregue à firma O2, de Manuel Godinho, depois de a REN decidir que tinham ser consultadas as empresas ditas qualificadas.

Também na acareação, Andrade Lopes - que em 2009 tinha a responsabilidade direta pela central da Tapada do Outeiro - manteve a alusão a alegadas pressões pró-Godinho, oriundas do topo da hierarquia da REN.

À PJ e em instrução, Andrade Lopes nada disse sobre esta matéria específica e, quando confrontado com o facto, alegou que, na ocasião, não se sentiu «com coragem suficiente» para o fazer e que o «clima era muito pesado».

No final da sessão, o advogado de José Penedos, Duarte Santana Lopes, disse aos jornalistas que a testemunha «não concretizou minimamente» as pressões e os medos invocados para não dizer tudo o que sabia nas fases anteriores do processo e, depois, «largar a bomba» em audiência.

O causídico questionou ainda a credibilidade de uma testemunha «que tem notas sobre tudo o que diz» e que, afinal, veio dizer «aquilo que não consta dessas notas».

O processo Face Oculta está relacionado com uma alegada rede de corrupção que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro Manuel Godinho, nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado e privadas.

A próxima audiência está marcada para terça-feira.
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