Violência doméstica: 43 mulheres assassinadas só este ano - TVI

Violência doméstica: 43 mulheres assassinadas só este ano

Violência doméstica

Número recorde, segundo os dados da UMAR. Vítimas e agressores são cada vez mais jovens

43 mulheres portuguesas morreram devido à violência dos seus companheiros ou ex-companheiros desde o início de 2008, segundo os dados revelados esta quarta-feira, no Porto, pela União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR).

«Segundo estudos recentes de 2008, uma em cada três mulheres é ou já foi vítima de violência doméstica. Por isso, deixamos o apelo para passarmos a algo mais eficaz, com uma maior rede de apoio às mulheres e aos seus filhos», apelou Maria José Magalhães, da UMAR.

Trata-se de um número recorde desde que o Observatório de Mulheres Assassinadas começou a contabilizar os casos, em 2004. E em relação ao ano transacto, o número está mesmo perto de duplicar, ainda que tenha sido apresentando com a consciência de que «peca por defeito».

Vítimas e agressores cada vez mais jovens

Desde 2004, já morreram 182 portuguesas às mãos dos companheiros, pelo que a UMAR vai lançar uma petição online para envolver os homens nesta causa, dentro da campanha Eu não sou cúmplice.

Outro dado assinalado diz respeito à idade das vítimas e dos agressores, uma vez que ambos são cada vez mais jovens. «Pensávamos que havia uma tendência para esta nova geração ter outras perspectivas de vidas, mas pelos vistos algo está a falhar. Por isso, achamos necessário investir mais na prevenção junto de crianças e jovens», disse Artemisa Coimbra, do Observatório.

Para além das 43 mulheres assassinadas de 1 de Janeiro a 18 de Novembro de 2008, há ainda outras cinco vítimas associadas, compreendendo filhos, pais, outros familiares ou apenas conhecidos das vítimas.

Os distritos de Lisboa e Porto registaram o maior número de casos, com sete mulheres assassinadas em ambos. «Tendo em conta que o Porto tem menos população, preocupa-nos especialmente. Pensamos que neste distrito ainda falta uma resposta eficaz para as vítimas», apontou Maria José Magalhães.

Homens também são vítimas

As responsáveis da UMAR alertaram ainda para a «pouca consistência na actuação dos profissionais e dos técnicos», como os polícias e os médicos, «uma vez que há um conjunto de sinais que permite saber imediatamente que uma mulher é vítima», mas nem sempre são levados em conta.

Em relação ao fenómeno contrário, a associação reconhece que já há homens vítimas de violência doméstica, «ainda que o número seja muito pequeno». Para Maria José Magalhães, «este fenómeno não deixa de ser inaceitável, mas a vitimização dos homens não e um problema tão grave como nas mulheres».

No próximo sábado, a UMAR vai deslocar-se a alguns locais no distrito do Porto onde mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros ou ex-companheiros e ficou a promessa da presença de homens famosos do futebol e da política.
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