Os adolescentes portugueses estão entre os europeus que mais tomam pequeno-almoço, mais fruta consomem e menos fumam, mas sentem mais stress com os trabalhos da escola, praticam pouco exercício e apresentam mais excesso de peso, concluiu um estudo.
O trabalho internacional sobre o comportamento na saúde das crianças e adolescentes (com a sigla em inglês HBSC), que reúne dados de 200 mil jovens de 40 países da Europa, Israel, EUA e Canadá e é apresentado esta quarta-feira, refere a necessidade de analisar as desigualdades para que os jovens tenham oportunidade de maximizar a sua saúde e bem-estar no presente e no futuro.
Esta questão é referida como importante para que «as desigualdades identificadas não se estendam à idade adulta, com todas as consequências negativas na vida humana» e no desenvolvimento da sociedade.
«Os programas de promoção da saúde devem ser sensíveis à idade, género e diferenças socio-económicas nas trajetórias de vida dos adolescentes e devem tentar dar oportunidades iguais a todos», conclui a investigação, associada à Organização Mundial de Saúde.
«Na maior parte dos indicadores de saúde, estamos numa posição média, alguns indicadores destacam-se pela positiva, outros pela negativa», disse à agência Lusa a coordenadora do estudo em Portugal, Margarida Gaspar de Matos.
O trabalho inclui vários indicadores de saúde relativos a lesões, saúde oral, violência, relação com família, bem-estar ou amigos.
«Destaca-se pela positiva as questões do pequeno-almoço, pois somos dos meninos que mais tomam pequeno-almoço na Europa, e do consumo de fruta», salientou a professora da Faculdade de Motricidade Humana, da Universitária Técnica.
Ao contrário, «somos piores no stress com os trabalhos da escola». Os nossos adolescentes são «dos que mais têm a perceção de não serem bons alunos». «Têm a ideia de que os professores não os acham competentes do ponto de vista escolar», explicou.
Margarida Gaspar de Matos avançou que «a prática de atividade física é das mais baixas» e que as raparigas de 15 anos se destacam porque «têm dos piores indicadores de todos os países».
Outra questão que aparece no estudo é o aumento do excesso de peso e Portugal está acima da média, principalmente as meninas mais novas, de 11 anos, que estão em segundo lugar, com 20 por cento (%), depois das norte-americanas, com 30%, mas acompanhadas de perto por jovens de outros países europeus.
O problema da obesidade e excesso de peso nos jovens tem tido a atenção dos especialistas, que alertam para o aumento dos casos em Portugal.
«Tanto a questão da prática de atividade física, como a alimentação saudável, são dois focos de intervenção em termos políticos que temos de ter em atenção», defendeu a coordenadora do trabalho.
Portugal está abaixo da média europeia no consumo de tabaco e tem vindo a diminuir a sua incidência «de uma forma muito consistente» entre os jovens de 11 a 16 anos desde 2002.
Esta área é considerada por Margarida Gaspar de Matos «um dossier ganho», tal como o dossier da violência e da provocação em espaço escolar, relativamente ao qual Portugal estava «mal situado» e agora «está nos valores médios».
A especialista faz questão de referir que, «desde 2002, há vários indicadores seguros de que a saúde dos jovens tem vindo a melhorar».
Contudo, Margarida Gaspar de Matos incentivou todos os que tenham essa decisão na mão a «não descontinuar as medidas de intervenção em termos de promoção da saúde nas escolas, nas autarquias e na comunidade», realçando que os dados que melhoraram também podem piorar.
Adolescentes com mais stress e mais gordos
- Redação
- CP
- 2 mai 2012, 13:47
Dados positivos: comem mais fruta e fumam menos
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