Freeport: MP pede absolvição de todos os arguidos - TVI

Freeport: MP pede absolvição de todos os arguidos

Charles Smith e Manuel Pedro estão a ser julgados pelo crime de tentativa de extorsão. Acórdão marcado para sexta-feira

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Última atualização às 11:58

O procurador do Ministério Público (MP) pediu a absolvição dos arguidos do caso Freeport, Charles Smith e Manuel Pedro, julgados pelo crime de tentativa de extorsão.

O procurador justificou esta decisão considerando que não ficaram provados os factos que eram imputados aos ex-sócios da empresa de consultoria Smith e Pedro.

O acórdão do caso Freeport ficou marcado para sexta-feira, no Tribunal do Barreiro.

Na origem deste processo estiveram supostas ilegalidades na alteração da Zona de Protecção Especial do Estuário do Tejo (ZPET) para a construção do centro comercial Freeport.

Esta segunda-feira realizaram-se as alegações finais do julgamento, que se iniciou em março.

Durante as mais de 20 audiências, foram ouvidas dezenas de testemunhas, mas, à semelhança do que já havia acontecido durante a investigação do MP, José Sócrates, que era ministro do Ambiente à data dos factos, não foi chamado a depor em tribunal como testemunha.

Na parte final do julgamento, os arguidos Charles Smith e Manuel Pedro resolveram prestar declarações, com Manuel Pedro a confirmar a existência de uma reunião, em Janeiro de 2001, com o então ministro do Ambiente, José Sócrates, marcada pelo presidente da Câmara de Alcochete, na época, o socialista José Dias Inocêncio.

A reunião ter-se-á realizado a 11 de fevereiro de 2002 e juntou José Dias Inocêncio, José Sócrates e o secretário de Estado do Ambiente Rui Gonçalves, Garry Russel, director comercial do Freeport, Jonathan Rawnsely, administrador do Freeport, e Fernanda Vara Castor, na altura funcionária da Direcção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território.

Questionado por Afonso Andrade, presidente do coletivo de juízes, sobre o motivo desta reunião, Manuel Pedro indicou que visava debater alterações necessárias à viabilização do projecto, nomeadamente retirar hotéis e outras infraestruturas, na origem dos dois chumbos anteriores.

Sobre o alegado pedido de 80 mil libras feito por Charles Smith ao director comercial Gary Russel, destinados a um denominado «Bernardo», para que o licenciamento do Freeport não sofresse mais atrasos, Manuel Pedro respondeu: «Penso que esse dinheiro era para entregar ao contabilista, o senhor José Ginja, para viabilizar protocolos para continuar a desenvolver o projeto, mas não sei o que queria dizer com Bernardo».

Manuel Pedro negou ainda que alguma vez se tivesse deslocado ao gabinete do advogado Augusto Ferreira do Amaral, para lhe confessar que tivesse feito pagamentos a ministros do Governo de então, nem tão pouco a Sócrates.

A 20 de março, Augusto Ferreira do Amaral disse em tribunal que Manuel Pedro lhe disse que o então ministro do Ambiente, José Sócrates, tinha exigido o equivalente a 500 mil contos (2,5 milhões de euros) para viabilizar o complexo comercial.

Nesse mesmo dia, o advogado do ex-primeiro-ministro José Sócrates, Daniel Proença de Carvalho, negou que o antigo ministro do Ambiente tivesse exigido qualquer verba para a aprovação do empreendimento.
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