O Estado Português já está a pagar mais pelas emissões de dívida. Segundo quantifica a edição de hoje do Jornal de Negócios, recorrendo a dados do IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública, Portugal contraiu créditos em 2022 a uma taxa média de 1,2%, o que é o dobro dos 0,6% suportados nas novas emissões em 2021.
Em causa está a subida das taxas de juro na Europa, em reação ao aumento da inflação, que já se verificava no final da pandemia, mas que se veio agravar com a escalada da guerra na Ucrânia, que está nomeadamente a levar ao aumento dos preços da energia e dos produtos alimentares.
A taxa de 1,2% é a chamada taxa do mercado primário, isto é, aquela que Portugal efetivamente paga nas suas emissões de dívida. Depois, os investidores compram e vende entre si os títulos de dívida, no chamado mercado secundário, cujas taxas variam todos os dias. No final de abril, a taxa de juro no mercado secundário das obrigações portuguesas a 10 anos superou os 2%, frisa também o Jornal de Negócios.
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Estes aumentos não significam ainda aumento dos custos pagos pelo Estado em juros. No final do ano passado, a taxa média da dívida pública portuguesa (isto é, a média das taxas de juro pagas em todos os empréstimos) era de 1,9%. Enquanto as novas emissões estiverem abaixo desse valor, os custos do Estado com juros não aumentarão. Contudo, o próprio ministro das Finanças, Fernando Medina, reconheceu aquando da conferência de imprensa de apresentação da proposta do Orçamento do Estado para este ano que este deverá ser o último ano em que Portugal beneficia de uma descida do valor pago em juros. Em 2023, os gastos do Estado já poderão subir.