Petição contra nova gramática - TVI

Petição contra nova gramática

  • Portugal Diário
  • 25 jan 2007, 09:15

Documento com mais de oito mil assinaturas vai ser entregue na AR

A petição contra a aplicação da nova Terminologia Linguística para o Ensino Básico e Secundário (TLEBS), que reuniu mais de 8.000 assinaturas, é entregue esta quinta-feira na Assembleia da República, onde deverá ser discutida em plenário, noticia a agência Lusa.

Lançada no mês passado por um grupo de pais e encarregados de educação, a petição online, que pede «a suspensão imediata da implementação da experiência pedagógica TLEBS», é igualmente entregue ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e à ministra da Educação.

Envolta em polémica, a nova terminologia, aprovada pelo Ministério da Educação no final de 2004, começou este ano lectivo a ser leccionada de forma generalizada, para já no 3º, 5º e 7º anos, devendo abranger todo o sistema de ensino em 2009, com o objectivo de uniformizar os termos gramaticais ensinados nas escolas.

A petição, subscrita por 28 professores catedráticos entre os quais quatro de Linguística, deverá ser discutida no Parlamento, uma vez que ultrapassou as 4.000 assinaturas, número mínimo exigido para ser debatido em plenário.

Depois de assistir no início do mês à discussão no hemiciclo de 11 petições em apenas 25 minutos, José Nunes, o 1º subscritor da petição, manifesta-se pouco confiante no debate parlamentar, «que provavelmente não chegará à parte essencial».

«Gostava que fosse um debate aprofundado, relevante para a matéria e que permitisse apontar pistas e levar à suspensão da experiência pedagógica. É iss o que queremos tirar a TLEBS das salas de aula», afirmou José Nunes, em declarações à agência Lusa.

TLEBS faz dos alunos cobaias

Os subscritores consideram que a «TLEBS faz dos alunos do ensino Básico e Secundário cobaias de validação de teorias linguísticas consideradas desajustadas por muitos especialistas em Educação e em Língua e Literatura Portuguesas».

«Os pais e encarregados de educação não foram chamados a dar a sua autorização para que os seus filhos e educandos integrassem a experiência TLEBS», refere a petição, salientando que o «Estado português fez uso abusivo da autorização inerente à frequência da Escolaridade Obrigatória».

«É uma experiência que envolve conteúdos experimentais que não estão va lidados científica e pedagogicamente, como apontaram professores catedráticos. A pesar do próprio Ministério reconhecer erros, a terminologia continua a ser experimentada», acrescentou José Nunes.

Segundo o encarregado de educação, foi entregue há duas semanas na Provedoria de Justiça um pedido de verificação da constitucionalidade da nova terminologia, já que poderá estar a ser violada a igualdade de oportunidades na aprendizagem.

«Estas crianças têm o direito a uma educação válida e validada. A TLEBS tem erros científicos graves, já provados pelo professor catedrático João Andrade Peres», acrescentou José Nunes.

Pais contra a TLEBS

A Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) está igualment e contra a TLEBS, considerando não entender em que medida a sua introdução é ben éfica para os alunos, tendo em conta a passagem «de conceitos simples e facilmente assimiláveis para conceitos que são mais complexos».

A título de exemplo, a CONFAP aponta casos de palavras como «paciência» , actualmente classificada como «nome comum abstracto» e que passa a designar-se por «nome não contável e não massivo» na nova terminologia, ou «peixe-espada», que passa de «palavra composta por justaposição» a «composto morfo-sintáctico coordenado».
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