CIA: «vamos saber mais do que está escrito» - TVI

CIA: «vamos saber mais do que está escrito»

  • Portugal Diário
  • 14 fev 2007, 19:07

Redactor do relatório diz que documento «abre a porta» a novas revelações

O Parlamento Europeu aprovou hoje, por larga maioria, o relatório que denuncia a utilização de Portugal e de outros países da União Europeia para voos ilegais da CIA de transporte de prisioneiros suspeitos de terrorismo. Mas o redactor do documento, o socialista italiano Giovanni Fava garantiu que as revelações não irão ficar por aqui.

Numa conferência de imprensa, o eurodeputado assegurou, citado pelo jornal El Mundo: «Vamos saber mais do que está escrito aqui», numa referência ao relatório que foi hoje aprovado com 382 votos a favor, 256 contra e 74 abstenções.

Para Fava, este documento «abre a porta» à revelações futuras sobre os alegados voos da CIA com pessoas detidas ilegalmente por suspeita de terrorismo.

Fava disse hoje que, durante a redacção do relatório, desconhecia a existência de voos militares, explicando que aqueles com que estava a trabalhar se cingiam à aviação civil.

Contudo, posteriormente, assegurou o eurodeputado, soube da existência de voos militares através de «outras fontes de informação».

Durante a votação de hoje, o socialista italiano ainda tentou incluir no relatório uma emenda oral sobre estes casos, mas 40 eurodeputados conservadores opuseram-se a esta inclusão.

«É um facto que há bases militares na Europa de onde saíram aviões militares que tinham como destino Guantánamo», disse o parlamentar, acrescentando depois, num tom crítico: «O problema não é quanta verdade há ou não há, É a atitude perante a verdade. Neste Parlamento, a maioria afrontou-a, mesmo quando ela é dolorosa para os seus países, mas há outros que quiseram olhar para o lado».

O documento aprovado hoje recolhe o registo de 1.245 voos civis operados pela CIA, em aeroportos europeus. Destes, 91 dizem respeito a Portugal. A Alemanha é o país com mais casos (336), seguida do Reino Unido (170). Além destes países, só a Irlanda (147) supera os números de Portugal, atrás de quem se encontra a Espanha (68), a Grécia (64), Chipre (57) e a Itália (46).
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