Começou com um suspiro mas, em pouco mais de dez minutos de discurso no Parlamento Europeu, Yulia Navalnaya não se coibiu nos detalhes sobre a morte de Alexei Navalny. A viúva do opositor russo garante que “depois de Putin ter tentado matar Alexei da primeira vez [em 2020]”, conseguiu agora fazê-lo: “Putin matou o meu marido, Alexei Navalny. Foi torturado durante três anos”.
As acusações sobre a responsabilidade de Putin na morte do opositor russo já tinham sido feitas em vídeo há quatro dias, mas Yulia revelou agora que o marido “passou fome numa cela minúscula em pedra” e que foi “impedido de ver o mundo exterior”, tendo-lhe sido ainda rejeitadas visitas, telefonemas e cartas.
“E depois mataram-no. Mesmo depois disso, maltrataram o corpo do Alexei e maltrataram a dele”, revelou perante os membros do Parlamento Europeu.
Sobre o funeral - que se vai realizar esta sexta-feira -, Yulia alertou para os riscos de ação policial, tal como tem acontecido nos últimos dias nas várias tentativas de homenagem ao opositor russo. “Não estou certa ainda se [o funeral] vai ser pacífico ou se a policia vai deter aqueles que vão dizer adeus ao meu marido.”
A viúva de Alexei Navalny afirmou ainda que “Putin é capaz de tudo” e que, por isso, é difícil “negociar com ele”, mas deixou uma garantia: “Farei o meu melhor para realizar o sonho dele [de Alexei]. O mal cairá e um lindo futuro virá”.
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— European Parliament (@Europarl_EN) February 28, 2024
Perante o Parlamento Europeu, Yulia Navalnya afirmou que Vladimir Putin deve responder pelo que fez a Navalny e pelo que está a fazer à Ucrânia, instando a investigações também aos advogados e financiadores que trabalham com o presidente russo e que o ajudam a “esconder dinheiro”, referindo-se a um “gangue criminoso” liderado por Putin, que tem “fantoches” ao seu redor.
“Putin deve responder pelo que fez ao meu país. Putin deve responder pelo que fez a um país vizinho e pacífico. E Putin deve responder por tudo o que fez a Alexei”, vincou, assegurando que “há dezenas de milhões de russos que são contra a guerra, contra Putin, contra o mal que ele traz”.
E ainda antes do aplauso final deixou um desafio à Europa: “O meu marido nunca verá como será a bela a Rússia do futuro, mas nós temos de a ver”.