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Entrevista com «Zé do Caixão»

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IOL Cinema esteve à conversa com o mestre brasileiro do terror

Demorou 42 anos a concluir a trilogia de Zé do Caixão. No ano em que estreia o tão aguardado filme «Encarnação do Demónio», José Mojica Marins, vulgo Zé do Caixão, é o convidado mais conceituado da 2ª edição do MOTELx, o Festival Internacional de Cinema de Lisboa.

O IOL Cinema esteve à conversa com o mestre brasileiro de filmes de terror e sentiu o alívio do realizador após finalmente ter concluído o projecto ao qual dedicou a vida. «Enfrentei perseguições de padres, censura, ditadura e críticos que consideravam as minhas obras de lixo. Actualmente são esses mesmos críticos que as elogiam como culto», disse José Mojica Marins.

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«À meia-noite levarei sua alma» (1964) e «Esta noite encarnarei no seu cadáver» (1968) foram os primeiros dois filmes de uma trilogia com final «amaldiçoado», segundo as palavras do próprio realizador. «Encarnação do Demónio», que conta a história de uma obsessão de Zé do Caixão em gerar o filho perfeito, foi escrito nos anos 1960, mas sofreu diversos imprevistos, entre os quais a morte de vários produtores e de um actor principal.

O objectivo de finalizar a trilogia de Zé do Caixão fê-lo ter uma passagem pelo cinema¿pornográfico. «Fiz o filme «24 Horas de Sexo Ardente» porque um produtor disse que faria a «Encarnação do Demónio», caso eu fizesse um filme que desse muito dinheiro. Usei o sensacionalismo ao pegar num pastor alemão de um português e coloquei um anúncio a pedir mulheres feias para zoofilia, a primeira vez que algo do género seria feito no Brasil. Apareceram mais de trezentas mulheres. O filme acabou por dar muito dinheiro, mas o produtor não cumpriu com a palavra», contou.

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Zé do Caixão, de volta com 72 anos

Mas afinal, quem é Zé do Caixão? José Mojica Marins, agora com 72 anos, traça o perfil de um personagem que coabita com o realizador na sua própria existência. «É um personagem que se tornou muito forte no Brasil, ultrapassando barreiras. Quer ser imortal, por isso procura a mulher ideal que lhe dê o filho perfeito», resume o realizador.

Vídeo: Entrevista com Zé do Caixão

«Encarnação do Demónio», que por estes dias está a ser exibido no Festival de Veneza, marca também o regresso de Mojica Marins à rotina de um actor. «Foi a coisa mais fácil de todas. Nos dois primeiros dias estava um pouco inibido. A equipa achava que eu não aguentava, mas depois foram eles que não aguentaram. Fiz cenas muito reais. A minha esposa contracena com três mil baratas verdadeiras, há pessoas penduradas pró um gancho e coseu-se também uma boca», acrescentou.

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Inspiração chega com os pesadelos

O realizador revelou ainda ao IOL Cinema que é dependente de um produto que ajuda os veteranos de guerra a dormir. Para si, funciona como despertador de sonhos, ou melhor, pesadelos: «os pesadelos trazem-me inspiração e foi através dos pesadelos que cheguei à história do Zé do Caixão».

José Mojica Marins, que já realizou mais trinta filmes em mais de cinquenta anos de carreira, fez-se acompanhar ao MOTELx da sua filha Liz Marins, também realizadora. O mestre do terror passou por quatro casamentos, dos quais teve 7 filhos que já lhe deram 11 netos.

Visita cemitérios, vive diariamente com a morte mas quando questionado sobre o que mais o assusta no mundo, a resposta é surpreendente. «O dia seguinte!» soltou com um ar decidido e, com a simplicidade que o caracteriza, explicou: «A violência no mundo é cada vez maior e eu tenho muitos netos e muitos filhos, por isso tenho medo por eles».

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