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Sócrates: receita do FMI é mais amarga que a nossa

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Primeiro-ministro defende necessidade de assumir compromisso com metas orçamentais perante Bruxelas. Com estas ou outras medidas de austeridade

O primeiro-ministro sublinhou esta terça-feira que um cenário de crise política e de eleições antecipadas provocariam maiores dificuldades de financiamento à economia portuguesa e precipitariam um pedido de ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI), cuja receita para o país será mais amarga do que a do próprio Governo.

Em entrevista à SIC, José Sócrates apresentou não quis deixar dúvidas no ar, e desenha as «consequências graves» que esse cenário teria. «A começar pela perda de prestígio do país, que nos afastaria dez ou mesmo cinco anos que seja, dos mercados, sem financiamento. Isso teria consequência para o Estado e para a vida das pessoas, piores do que aquele que estamos a apresentar. Quais serão as receitas do FMI? Acabar com 13º mês? Reduzir o salário mínimo? Despedir funcionários públicos? Cortar salários ainda mais? Nós cortámos 5%, mas a Roménia, por exemplo, cortou 25%. É isto que nós queremos?»

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Mas não é só: «haverá consequências também no sistema financeiro», disse, lembrando que na Grécia e na Irlanda, a intervenção do FMI «provocou uma diminuição dos depósitos e uma séria crise liquidez nos bancos». Os mesmos bancos que José Sócrates considera serem «resilientes» e estarem preparados para passar nos próximos testes de stress.

Ainda e sempre a batalha da confiança

Para o primeiro-ministro, pedir intervenção externa é o pior dos cenários. «Estou há seis meses a lutar todas as semanas para ganhar essa batalha e evitar esse cenário», disse. Para isso, a receita é assumir perante Bruxelas e os mercados, o compromisso de redução do défice para 2% até 2013.

«Temos de dar mostras de estarmos realmente determinados em levar por diante a consolidação orçamental nos próximos três anos. Isso é decisivo para conquistar a confiança dos mercados, das instâncias europeias e dos parceiros europeus», afirmou.

Para isso, «entendi que não devíamos esperar pela Cimeira da Primavera para apresentar os compromissos, e sim fazê-lo o mais rapidamente possível, para termos uma posição firme logo nesta cimeira. Portugal teria passar um mau pedaço se não tivéssemos feito o que decidimos», defende.

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Sobre as medidas propostas para 2012 e 2013, o chefe do Executivo fez questão de sublinhar que não apresentou decisões a Bruxelas, mas apenas linhas de orientação para o PEC, «que teríamos, como todos os países, de actualizar em Abril», mas que o Governo decidiu «antecipar» para deixar claro o compromisso e a determinação do país.

PSD desafiado a apresentar alternativas

Já no que se refere às novas medidas para 2011, explica, são cortes adicionais da despesa para responder a eventuais cenários macroeconómicos menos favoráveis que o seu. E se o cenários mais negro não se materializar e o défice ficar ainda abaixo dos 4,6%, «tanto melhor».

«Por exemplo, tínhamos estimado uma redução da despesa com medicamentos, mas verificámos na execução orçamental dos primeiros dois meses que a despesa vai ficar ainda abaixo do que previmos», disse.

O primeiro-ministro reiterou que, apesar de estas serem «as medidas em que acreditamos», os socialistas estão disponíveis para negociar e ouvir as alternativas propostas pela oposição. «Precisamos é de nos comprometer com a Europa nas metas orçamentais», reiterou.

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«Alguém duvida que este caminho é essencial para o país, que precisamos de reduzir o défice? Então, se temos de o reduzir, nós apresentámos as nossas medidas. Porque é que os outros não o fazem também? Apresentem as deles», desafiou.

Sobre a dureza das medidas que propõe, Sócrates lamenta-a, mas diz que «tem de ser».

«Acha que algum político dorme descansado tendo que tomar medidas destas? Eu penso muito nas pessoas e no que estão a passar», garante.

O primeiro-ministro procurou responsabilizar a oposição por qualquer crise política. E pelo caminho avisou: vai recandidatar-se.

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