A EDP quer introduzir «contribuições simbólicas» nas facturas de electricidade para apoiar projectos de cariz social. O valor seria de «cerca de 50 cêntimos por mês», apenas para os clientes que aceitarem dar essa contribuição, explicou o presidente da empresa, António Mexia.
O pedido foi feito há cinco meses à ERSE, entidade reguladora do sector, que, segundo explicou à Agência Financeira está a avaliar o projecto, não havendo um prazo estabelecido para tomar uma decisão.
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«A ideia é lançar projetos como o de Kakuma, no Quénia, para os refugiados. As pessoas que queiram podem também dar uma prestação simbólica entre cerca de 30 a 50 cêntimos por mês para juntar ao dinheiro da empresa para esses projectos», disse António Mexia.
Por enquanto, a EDP racionaliza os lucros recorde que obteve em 2010 - 1.079 milhões de euros, mais 5% do que no ano anterior - entre cortes e investimentos.
Em plena altura de crise económica e política no país, a EDP vai investir 19 milhões de euros para reabilitar as antigas fábricas coladas ao museu da electricidade e transformá-las num novo centro cultural. Com estilo vanguardista, o novo espaço vai obrigar a um investimento de seis milhões de euros por ano, até 2014, totalmente assegurados pela eléctrica.
Desenhado pela arquitecta Amanda Levete, o novo espaço estará «afundado» perto do rio, apenas com uma grande pála à superfície onde «as pessoas poderão passar a pé ou de bicicleta, com uma vista de 360º graus para a cidade e para o rio Tejo», explicou o presidente da EDP, António Mexia, na primeira apresentação do projecto aos jornalistas.
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Além deste investimento, a EDP prepara-se para construir uma nova sede em Lisboa, nos terrenos da empresa na Avenida 24 de Julho, e um segundo edifício em Cabo Ruivo. As obras arrancam este ano, garante Mexia. Mas a EDP não fica por aqui: vai inaugurar ainda o Museu EDP no Porto, constituído por dois edifícios, onde «serão empregadas mil pessoas que trabalharão em open space».
Questionado sobre estes investimentos no momento em que o país enfrenta uma das maiores crises de sempre, o presidente da empresa responde: «O aperto do cinto na EDP também é enorme. Nos últimos cinco anos reduzimos os custos em 300 milhões de euros».
Cortes de um lado, investimento do outro: em cultura e mecenato, a EDP prepara-se para investir mais 17% do que em 2010 para a Fundação EDP, liderada por Sérgio Figueiredo. No total são 14 milhões de euros já garantidos para este ano.
A Fundação aposta na área da cultura e do mecenato, com dez projectos-chave centrados em Portugal, África e América Latina. É para estes projectos que a EDP «gostaria da contribuição de todos os que puderam ajudar», nas palavras de António Mexia.
Quanto ao rating da EDP - que a S&P manteve inalterado em «BBB», um nível acima da notação da República portuguesa -, António Mexia explicou aos jornalistas a razão do sucesso: «Deve-se à aposta da EDP na internacionalização. A curto prazo, o corte do rating da República não terá grande impacto na EDP já que as nossas necessidades de financiamento estão garantidas».
Pelas contas de Mexia, a EDP precisa de 5,8 mil milhões de euros até 2013.
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