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Certificados de aforro: um ano para esquecer

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Investidores fugiram por causa da baixa rentabilidade e a segurança e a subida das taxas de juro podem não chegar para os trazer de volta em 2010. Os depósitos podem ser uma boa alternativa

Com 2009 a chegar ao fim, já se fazem contas ao ano. E para os certificados de aforro, este foi um dos piores anos de sempre. Os investidores fugiram «como o diabo da cruz» e retiraram deste produto 275 milhões de euros, só até ao final de Novembro.

A culpa é do fraco rendimento. Por ser um produto indexado à Euribor a 3 meses, que está em mínimos históricos, tem rendido cada vez menos. A taxa de juro bruta para novas subscrições de Certificados de Aforro da Série C, a única que ainda pode ser subscrita, foi fixada em 0,858% para este mês de Dezembro, a mais baixa de sempre.

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«A remuneração, comparada com outros produtos de poupança, não é tão atractiva», diz o presidente do Instituto da Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), responsável pela emissão dos certificados de aforro, Alberto Soares, para quem esta é a principal razão para a fuga dos investidores.

Também para o director de Investimentos do Barclays, Tiago Geraldes, apesar de os certificados «terem chegado a ser interessantes nos primeiros meses de 2009», antes da queda a pique das Euribor, nos últimos meses as coisas mudaram e a queda das Euribor foi o principal factor a afastar os investidores.

Mas não é a única. «A necessidade de liquidez que as pessoas têm nesta altura de crise também pode contribuir para a retirada deste dinheiro», sublinha o presidente do IGCP, lembrando que «este não foi o único produto onde o investimento baixou». A crise, povoada de casos de desemprego, pode ter levado muitas famílias a retirarem o seu dinheiro destes produtos de poupança e investimento, numa altura em que necessitavam de liquidez.

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Um investimento à prova de bala

Apesar de tudo isto, os certificados de aforro continuam a atrair muitos portugueses, que mantêm quase 17 mil milhões de euros investidos neste produto. Nada que surpreenda Alberto Soares: «Apesar da tendência de descida da taxa de juro, os certificados continuam a oferecer prémios de permanência interessantes, nomeadamente a série B, que tem um prémio de 2%», recorda.

Mas a grande vantagem dos certificados continua a ser a segurança. «É um produto totalmente seguro, sem risco, e para os investidores que valorizam esse factor, continua a ser uma opção».

O mesmo sublinha Tiago Geraldes: «é um produto de dívida do Estado português e é um investimento que pode ser sentido como mais seguro».

Juros vão subir em 2010 e certificados podem voltar à moda

O presidente do IGCP admite que nem mesmo a subida das taxas de juro, esperada para a segunda metade de 2010, possa reacender o interesse pelos certificados. Tudo porque a subida da inflação pode engolir os ganhos que daí advêm e porque a eventual subida das taxas de juro vai beneficiar também outros produtos que concorrem com os certificados, como os depósitos a prazo.

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«Mesmo com a componente da segurança, se o Estado também garante os depósitos a prazo até 100 mil euros, quem tem um montante inferior para investir, vê a mesma segurança nos dois produtos. Investe naquela que render mais», adianta.

Também Tiago Geraldes admite que, apesar de ser expectável que a Euribor suba a um ritmo mais acelerado do que a inflação, «a forma como os certificados estão ligados à Euribor retira alguma rentabilidade e provavelmente as taxas dos certificados andarão em torno da inflação. Em termos reais, não há um ganho muito evidente a retirar».

Tiago Geraldes não tem dúvidas de que, neste momento, «há outros produtos, mais interessantes para os portugueses, em termos de rentabilidade. A maioria dos bancos oferece depósitos a prazo com taxas acima da Euribor. Se não no longo prazo, pelo menos a prazos mais curtos, a três ou seis meses, por exemplo».

Uma vez que há a expectativa de que a Euribor venha a subir, diz, «faz algum sentido aproveitar agora essas taxas mais competitivas dos depósitos e esperar para ver se daqui a seis meses ou um ano, é mais interessante investir noutras coisas, se calhar em certificados de aforro».

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