Portugal é confirmadamente encarado como uma ameaça para a Zona Euro. No Relatório de Estabilidade Financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI), o nosso país aparece como o segundo que mais ameaça a estabilidade da região.
O FMI explica que, na primeira fase da crise de dívida pública (entre Outubro de 2008, altura em que a crise rebentou e Março de 2009) os países que apresentavam maior risco de contágio ao resto da Zona Euro eram a Áustria, Irlanda, Itália e Holanda, por estarem mais expostas à Europa de Leste, devido a preocupações com o seu sistema bancário interno ou com problemas orçamentais.
PUB
Portugal no pódio do risco da dívida
No entanto, a situação mudou e «na mais recente fase desta crise, Grécia, Portugal e, numa menor dimensão, Espanha e Itália tornaram-se nos países que apresentam maior risco de contágio em termos de dívida pública, reflectindo a alteração das preocupações do mercado das vulnerabilidades do sector financeiro para as vulnerabilidades orçamentais».
O FMI alerta ainda que, devido à estreita ligação entre o sector público e o sector bancário, a deterioração do risco da dívida pública pode rapidamente alastrar ao sector financeiro.
O Fundo considera por isso que os bancos devem reduzir mais a sua dependência do mercado de dívida, especialmente em termos de dívida de curto prazo, como parte do processo de desalavancagem. Com a retirada das ajudas do BCE ao sector, nomeadamente as injecções de liquidez, o FMI acredita que os spreads poderão sofrer alguma pressão de subida.
PUB
O Fundo diz mesmo que os bancos que não conseguirem reduzir a sua necessidade de financiamento ver-se-ão inevitavelmente envolvidos na guerra de captação de depósitos, que são uma fonte limitada de financiamento.
Portugal e Grécia não são comparáveis
Apesar das conclusões do relatório, o director do Departamento Monetário e de Mercado de Capitais do FMI, José Viñals, disse à Reuters que «a Grécia é um caso especial e não podemos dizer que outros países estão na mesma situação».
Referindo-se a Portugal e Espanha, o responsável afirmou que «estes países têm instituições orçamentais sólidas e não têm as incertezas que a Grécia tem».
[Actualizada às 18:40 horas com declarações de José Viñals]
PUB