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Desemprego leva portugueses a regressar à Universidade

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Há uma maior preocupação em ser mais competitivo

A par da crise e aumento do desemprego, a tendência é clara: nos últimos dois anos, há mais licenciados a regressar às universidades para se especializarem. A procura e a oferta de pós-graduações, mestrados e doutoramentos estão a aumentar. Ainda sem estudos oficiais, as instituições privadas e públicas apontam não só o efeito «processo de Bolonha», mas também uma maior preocupação com a competitividade, de acordo com uma investigação feita pela Agência Financeira. Os alunos comprovam a teoria.

Veja aqui a reportagem em vídeo

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Dados da Universidade de Lisboa, a que a AF teve acesso, dão conta de 206 alunos inscritos em pós-graduações no ano lectivo de 2009/2010, mais 30 que no ano anterior, ainda que menos de metade que no de 2004/2005. Mas é nos mestrados que se nota o crescimento nos últimos seis anos. No ano corrente, há 1.811 mestrandos, ou seja, mais do dobro do que em 2004/2005 (845 alunos), ainda que depois de um pico máximo em 2007 (2.339). O mesmo fenómeno acontece com o número de doutoramentos que, de 2004 para 2009, cresceu 108% para 397.

Por áreas, as preferências vão para as Ciências (494) e para as Humanidades, começando por Direito (393), Letras (273) e Educação (212). Pelo contrário, os mestrados menos populares são em Ciências Sociais (12), Psicologia (13) e Geografia (49).

O vice-reitor da Universidade de Lisboa admite que, face ao nível de desemprego, se tem vindo a sentir uma maior pressão para que os portugueses se tornem mais competitivos. «Dá uma maior empregabilidade. (Além disso,) quem tem mais formação, consegue maiores rendimentos», sublinhou António Vasconcelos Tavares.

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Na Universidade Católica, a tendência também se verifica. «Alguns dos nossos alunos, tiveram que fazer pausas, eventualmente forçadas, e aproveitam para fazer os nossos cursos pós-licenciatura», referiu o responsável da direcção da Faculdade de Direito, Luís Fábrica.

Mais. Luís Fábrica diz que estes alunos que se especializam não têm qualquer problema se tiverem que parar de trabalhar ou adiar a entrada no mercado de trabalho. «Podem recusar convites de trabalho porque, com o currículo melhorado, vão ter os mesmos interessados a fazer propostas ainda melhores».

Para Maria Folque, aluna do Mestrado de Direito, o aumento das suas habilitações literárias tem claramente vantagens. «Permitiu posicionar-me entre os mais bem formados da minha geração e isso ajudou-me a conseguir o emprego que eu queria. Se posso provar que tenho mais formação, claro que mês escolhem a mim», referiu.

Na área das Ciências Humanas, também na Universidade Católica, o aumento da procura - cerca de 20% - nota-se sobretudo nas pós-graduações (que não concedem grau). «Aí, sente-se uma mudança de perfil dos candidatos. Já não surge só quem tem vida profissional estabelecida e que vem para refrescar, mas também aqueles saídos das licenciaturas ou que passaram por um período de integração profissional, mas depois deixaram de ter vínculo profissional e regressam à Universidade para adquirir mais competências ou encontrar uma nova posição no mercado», disse a directora da Faculdade de Ciências Humanas (FCH), Isabel Capeloa Gil.

«Estou mais segura e sinto que tenho capacidades diferentes que me permitem posicionar sobre a minha profissão e área de trabalho. O mercado de emprego não está fácil e os vínculos são muito precários», comprovou Cristiana Albano, que está a terminar um mestrado em Serviço Social.

Mas a maior procura por habilitações é visível logo ao nível das licenciaturas, de acordo com Isabel Gil e Luís Fábrica, que asseguram que houve um aumento de alunos e, sobretudo, das competências. «Entre 2008 e 2009, tivemos um aumento de 25% dos candidatos ao prémio de excelência, ou seja, que têm isenção de propinas. O que sentimos é que há uma responsabilização muito maior dos alunos», referiu a responsável.

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