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Miguel Frasquilho garantiu, na comissão de inquérito ao colapso do BES/GES, que a chefia de um departamento do banco não colidiu com as suas funções como deputado.
O agora presidente da AICEP ouviu poucas perguntas dos deputados, alegando nunca ter tido funções «centrais» ou «executivas» no banco, mas teve de assegurar que a sua função como parlamentar não foi influenciada pelo seu cargo no BES.
«Isso vai da consciência de cada um e da forma como as pessoas agem. Sempre separei muito bem as duas atividades, mas sou um economista, é natural que os mesmos assuntos fossem abordados pela mesma pessoa. Mas sempre prezei muito a minha integridade e o pensar pela minha cabeça».
«Como é que um deputado está em reuniões à porta fechada e é coordenador do departamento de um banco sobre o qual se falava naquelas reuniões?».
Além disso, o ex-diretor do Espírito Santo Research sublinhou que as reuniões «não eram secretas», nem sequer «executivas», havendo até conferências de imprensa.
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«Nunca tive acesso a qualquer informação privilegiada e não discutia essas reuniões no BES».
«Dei primazia aos trabalhos parlamentares. Estava no banco quando não tinha que estar no Parlamento. Não tinha noites nem fins de semana. E tinha uma excelente equipa em que confiava», respondeu o ex-deputado do PSD.
Frasquilho notou então que, quando estava no Parlamento, tentou «não omitir opiniões sobre o setor financeiro» e votou «sempre alinhadamente com a bancada do PSD».
«Houve matérias que votei que não eram simpáticas para o setor financeiro (…) Sempre que ouvia a palavra setor financeiro, não vou dizer que fugia como o diabo da cruz…»
«Estive presente em várias, quando fazia apresentações de como estava a economia aos administradores e ao presidente [Ricardo Salgado]. Passada essa intervenção, eu saía», contou Frasquilho.
Daí não ter tido conhecimento dos problemas do GES mais cedo do que foi veiculado na imprensa, em dezembro de 2013.
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«Nunca tive nenhuma conversa sobre esse tema até essa altura e tudo o que fui sabendo foi o que foi sendo público. Eu sabia só aquilo que tinha de saber dentro do que fazia no banco».
«As notícias que iam saindo nunca envolveram a minha entidade patronal que era o BES. Não tinha nenhuma necessidade de saber, nem queria saber o que se passava no GES».
«Não. Fazia parte do meu ring-fencing [perímetro de proteção]», respondeu, aludindo à denominação do conjunto de medidas que o Banco de Portugal tentou impor ao BES para garantir a sua independência do ramo não-financeiro do GES.
O ex-deputado do PSD assegurou que «não tinha noção» do organograma do Grupo Espírito Santo e que tinha uma «relação bastante cordial e muito profissional» tanto com Ricardo Salgado, como com Amílcar Morais Pires, a quem reportava nos anos finais do banco.
«De negócios não falava com eles. Só da análise económica, das tendências da economia portuguesa, mas também das tendências globais».
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São votados esta tarde no Parlamento projetos sobre o regime de exclusividade dos deputados, uma questão que toca precisamente em Miguel Frasquilho, já que trabalhava no BES e no Parlamento ao mesmo tempo.
«Não é nada prejudicial, muito pelo contrário, que existam deputados que estejam em regime exclusividade e outros não».
Miguel Frasquilho iniciou funções no BES em 1996, «a convite de Manuel Pinho». Montou o departamento de research no banco, um departamento «de análise» e de «apoio à atividade central do BES».
Em 1997, tornou-se diretor-coordernador deste departamento. Suspendeu funções quando foi secretário de Estado do Governo de Durão Barroso e regressou ao BES em 2003, quando também se tornou deputado.
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