Depois da crise política em Portugal ter feito manchetes lá fora, o país continua debaixo do olho da imprensa internacional. Na primeira página do site do «Wall Street Journal» aparece, em destaque, o défice português relativo ao ano passado. E pelas piores razões.
É que o Instituto Nacional de Estatística está a preparar-se para revelar ao gabinete de estatísticas europeu, o Eurostat, um «buraco» ainda maior nas contas públicas nacionais.
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O INE deverá fazê-lo até ao final desta semana e esta revisão «pode prejudicar ainda mais a credibilidade do país com um Governo em apuros», escreve o WSJ.
Citando uma porta-voz do INE, sem no entanto o identificar, o jornal assegura que foi informado de «um conjunto de mudanças nas contas» que o Eurostat vai publicar já no próximo mês.
À Agência Financeira, o INE disse que «até ao dia 31 de Março é divulgado procedimento dos défices», ou seja, até amanhã. «Isso está no nosso calendário e todos os anos é assim», reforçou a mesma fonte oficial.
As novas regras do gabinete de estatísticas europeu vão fazer disparar a dívida e o défice nacionais, neste caso para valores superiores a 8%.
BPN: os milhões ocultados
A revisão «mostra um maior défice que poderá pôr em risco o esforço de Portugal para garantir aos mercados que tem capacidade para continuar a financiar-se sem ter de se juntar à Grécia e à Irlanda, sem ter de pedir ajuda à União Europeia e ao Fundo Monetário Internacional».
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O WSJ diz ainda que Portugal não incluiu nas contas do ano passado a injecção de 2 mil milhões de euros no Banco Português de Negócios (BPN). Também o ministro das Finanças já havia avisado, no Parlamento, que que o buraco do BPN podia ser incluído nas contas públicas de 2010, fazendo, assim, disparar o valor do défice em 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB).
Recorde-se que na semana passada o Governo remeteu para o INE o novo valor do défice, precisamente por causa de uma eventual alteração das regras do Eurostat sobre os elementos que entram para o cálculo do défice. O ministro da Presidência garantiu, no entanto, que «as contas, mas elas são conhecidas, são transparentes e não alteram a situação».
O Eurostat já tinha expressado, de resto, as suas dúvidas sobre as contas de 2010.
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