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Toyota processada por «tentativa de homicídio»

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Carros da marca com mudanças automáticas terão acelerado de forma repentina e descontrolada

A Toyota vai ser processada por dois clientes que garantem que os seus veículos sofreram episódios de aceleração súbita e descontrolada, tendo ficado «destruídos». Em causa, estão veículos de mudanças automáticas, autênticas «roletas russas». Os automobilistas acusam agora a empresa de «tentativa de homicídio» e exigem um «pedido de desculpas formal».

«Vamos processar a Toyota por tentativa de homicídio, porque eles podiam e deviam ter evitado esta situação toda. Tinham consciência do que se passava e andaram a brincar com a vida dos seus clientes», disse à Lusa Daniel Estêvão, filho de Arminda Estêvão, cujo Toyota Corolla de mudanças automáticas «passou de quase zero para mais de cem quilómetros à hora» quando a condutora entrava na garagem de casa, em Junho do ano passado.

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Veja aqui os modelos que estão na origem do processo

O filho da lesada quer levar o caso até às últimas instâncias, reclamando ainda «um pedido de indemnização no valor dos transtornos causados e das despesas decorrentes do tribunal». Garantindo que não quer «enriquecer às custas da Toyota», o cliente adiantou ainda que apresentou uma outra queixa, na Polícia Judiciária, depois de ter recebido «ameaças» via sms: «Fui ameaçado por alguém que aparentemente representa a Toyota, porque fala em nome da Toyota. São mensagens que me tentam intimidar, através de ameaças com processos de tribunal, para que me cale e não continue a falar no assunto, porque senão terei consequências».

A Toyota nega: «Não foi feito qualquer contacto por telemóvel pela Toyota Caetano Portugal para o senhor Daniel Estêvão ou para a sua mãe».

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Outra cliente, Sandra Leal, proprietária de um Toyota Aygo de 2006 (também de mudanças automáticas) diz que o seu carro ganhou «uma velocidade tremenda» numa estrada nacional em Guimarães, em Setembro. Esta mulher já pediu apoio à DECO para mediar o caso. A Associação de Defesa dos Consumidores não tem recebido denúncias de casos semelhantes relacionados com veículos da marca.

A jurista Ana Sofia Ferreira explicou à Lusa que, quando contactada pela DECO, a Toyota afirmou que, «para uma resposta esclarecedora, é sempre necessário que seja feita uma avaliação ao veículo para se perceber o que é que poderá ter ocorrido».

Porém, a cliente exige que as peritagens técnicas sejam feitas por uma entidade independente e não pela Toyota. Já Daniel Estêvão não pôde assistir às peritagens feitas ao seu Corolla, como tinha pedido aos técnicos da empresa, algo que a Toyota explica com uma «falha de comunicação». Daí que Sandra esteja relutante quanto à credibilidade dos testes.

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O cliente acredita que «a Toyota do Japão, pelo menos, irá assumir a sua responsabilidade, já que a Toyota Caetano não tem qualquer tipo de responsabilidade».

«Bloqueio do acelerador existe»

O problema do «bloqueio do acelerador» nos veículos da marca «existe» e foi já assumido pela Toyota nos Estados Unidos, onde há até casos de indemnizações, segundo o professor do Departamento de Engenharia Mecânica do Instituto Superior Técnico João Dias.

«A implicação de uma falha no sistema do acelerador desses veículos nos seus acidentes só pode ser demonstrada com uma investigação independente das condições do acidente e com uma inspecção aos veículos».

Sobre o facto de a caixa de velocidades automática não assumir as mudanças «é muito estranho, porque a caixa limita-se a transmitir o movimento do motor», pelo que, «com um acelerador preso para a mesma pressão, o carro anda menos».

Alertando para os aspectos «delicados» que estão em causa, o professor diz que «podem eventualmente ter origem numa onda alarmista, devido aos recalls [chamada à oficina] da Toyota».

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