Ricardo Salgado garante que cumpriu todas as ordens do Banco de Portugal no âmbito do ring-fencing [o perímetro exigido pelo BdP para proteger o BES da exposição ao GES] e que foi precisamente isso que ditou o fim do grupo. «Cumprimos até ao colapso final», resumiu. O ex-presidente do BES já tinha utilizado a intervenção inicial para arrasar a auditoria forense encomendada pelo Banco de Portugal, mas foi confrontado pelo deputado do PS Pedro Nuno Santos, ponto a ponto, com as desobediências contidas nesse relatório.
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«O ring-fencing foi absolutamente cumprido (…) Foi por causa do ring-fencing que o grupo colapsou. Se não tivéssemos cumprido, se calhar não tinha colapsado».
Recorde-se que a auditoria reportou o desvio de dinheiro da conta destinada a reembolsar os clientes do papel comercial para dois bancos, o Montepio e o BCP. O ex-presidente do BES explicou que esse dinheiro tinha chegado a essa conta através de «empréstimos de curtíssimo prazo» a esses bancos, que tinham então que ser pagos.
Confrontado pelo deputado socialista com o facto de, nessa altura, já ser proibido pelo Banco de Portugal esse aumento da exposição ao GES, o banqueiro exemplificou que a proibição do financiamento à ESFG só chegou a 30 de junho.
«O financiamento foi destinado ao reembolso de clientes do grupo. Não contornámos o ring-fencing, fizemos tudo o que podíamos para reembolsar os clientes do banco».
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Aliás, Ricardo Salgado defende que avisou «três vezes» o Banco de Portugal para o «risco sistémico» desse aumento da exposição, apontando novamente as culpas ao supervisor, sendo que voltou a criticar Carlos Costa por ter partido logo do princípio da sua culpa.
«Fiquei profundamente chocado com o julgamento sumário que governador fez [a 3 de agosto] e percebi que estávamos perante um julgamento prévio».
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