Já fez LIKE no TVI Notícias?

Sindicatos da Galiza acusam portugueses de dumping salarial

Relacionados

Trabalhadores nacionais aceitam ganhar menos e trabalhar mais horas

O secretário nacional da Confederação Intersindical Galega para o sector da construção ameaçou hoje com greves e manifestações de protesto se não houver «medidas imediatas» para acabar com o «dumping laboral» dos portugueses que trabalham na Galiza, refere a «Lusa».

Segundo o responsável sindical, os portugueses que trabalham na Galiza, no sector da construção, não têm um salário fixo, aceitando ser pagos à hora, o que «conduz imediatamente» a jornadas de trabalho de 10 ou 12 horas, quando a lei laboral impõe apenas oito, explicou Xosé Melón, da Confederação, à «Lusa».

PUB

Uma hora de trabalho português poderá custar ao patrão cinco ou seis euros, enquanto os galegos recebem nove euros.

Além disso, os portugueses também não têm direito a férias, subsídios de Natal ou qualquer indemnização no final dos contratos.

Ganham as empresas e os portugueses, perdem os galegos

«São só vantagens para as empresas, que conseguem mão-de-obra muito mais barata, e até para os trabalhadores portugueses, que acabam por ganhar muito mais do que ganhariam se trabalhassem em Portugal, e isto se lá arranjassem trabalho. Os únicos prejudicados são os trabalhadores galegos, que se vêem a braços com uma intolerável concorrência desleal», reiterou Xosé Melón.

Neste momento, são mais de 100 mil os trabalhadores portugueses inscritos na Segurança Social espanhola, 14.482 mil dos quais na região da Galiza.

No entanto, e segundo os sindicatos, estes números não incluem os milhares de trabalhadores que todos os dias cruzam a fronteira para trabalhar na construção civil e, agora, nas obras do comboio de alta velocidade. Os sindicatos admitem que serão entre cinco e oito mil.

PUB

«Não temos nada contra os portugueses, só queremos que seja cumprida a legislação. A verdade é que os portugueses estão a fazer um autêntico dumping laboral, aceitando trabalhar em condições muito precárias, o que configura uma situação de concorrência desleal. E os grandes prejudicados são, naturalmente, os trabalhadores galegos, que se vêem preteridos», disse.

Luta feroz pelos trabalhos

Xosé Melón acrescentou que a situação não é nova, mas agora tornou-se «particularmente preocupante», face aos «sinais de abrandamento» dados nos últimos tempos pelo sector da construção civil na Galiza.

«Até aqui, havia trabalho para todos. Agora, a luta por um emprego vai ser cada vez mais feroz. Os patrões, naturalmente, o que querem é pagar salários o mais baixos possível. Se um português aceita trabalhar por menos do que está estipulado na lei, é mais um posto de trabalho que o galego vê fugir», sublinhou.

Disse ainda que os governos «fecham os olhos» porque esta é uma situação que «igualmente lhes interessa sobremaneira».

«O Governo português consegue assim uma saída para os milhares e milhares de desempregados do País. O Governo espanhol consegue, no caso da linha de alta velocidade, obras mais rápidas a mais baixo custo. E andamos nisto», criticou Xosé Melón.

PUB

Relacionados

Últimas