A imprensa estatal chinesa acusou esta segunda-feira o Dalai Lama de ter cometido «crimes monstruosos», um dia depois de representantes chineses e enviados do líder espiritual tibetano terem concordado em manter aberto o diálogo sobre a crise tibetana, escreve a Lusa.
Representantes do governo chinês reuniram-se no domingo com dois emissários do Dalai Lama em Shenzhen, no sudoeste da China fronteira a Macau, para discutir a crise tibetana pela primeira vez há mais de um ano.
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Este encontro aconteceu depois da pressão internacional para que Pequim reabrisse as negociações com o líder espiritual tibetano sete semanas após os tumultos violentos em Lassa.
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De acordo com a agência oficial chinesa Nova China, as negociações de domingo terminaram com um acordo para a realização de um novo encontro, ainda sem data marcada, para voltar a discutir a situação do Tibete.
Ninguém fala sobre o encontro
O governo tibetano no exílio afirmou antes da reunião de domingo que a sua principal preocupação era por fim à onda de repressão na região dos Himalaias, mas hoje não adiantou mais pormenores sobre a reunião de domingo.
O Presidente chinês Hu Jintao afirmou no domingo que tinha esperanças que fossem feitos progressos no diálogo e que queria manter abertos futuros canais de negociação.
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«Eu espero que sejam conseguidos resultados positivos nesta reunião», referiu Hu à imprensa, no domingo, na capital chinesa.
Mas Pequim, que culpa o Dalai Lama pelas manifestações violentas que eclodiram a 14 de Março na capital do Tibete, e depois se espalharam às províncias chinesas vizinhas, não deu hoje quaisquer sinais de uma mudança de opinião depois do diálogo de domingo.
«No seguimento dos incidentes do dia 14 de Março em Lassa, o Dalai não só se recusou a admitir os seus crimes monstruosos, como continuou a perpetuar a fraude», refere esta segunda-feira um artigo no jornal estatal Tibet Daily.
O artigo, que não refere as conversações de domingo, menciona que o Dalai Lama exige uma «autonomia genuína» no Tibete e descreve que a «região tibetana maior» defendida pelo Dalai é uma fraude.
«Incitar ao ódio étnico»
O Dalai e os seus apoiantes estão a tentar «confundir a opinião pública e a incitar ao ódio étnico», aponta a notícia.
A tentativa do Dalai Lama de tornar realidade uma «região tibetana maior é parte da sua tentativa para separar o Tibete da China», acrescenta o artigo.
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O jornal oficial chinês insiste que actualmente os tibetanos gozam de total autonomia e que não precisam da «autonomia genuína» defendida pelo Dalai Lama.
Ao mesmo tempo, o China Daily, principal jornal chinês de língua inglesa, descreveu o Jovem Congresso Tibetano, dirigido por tibetanos no exílio, como «uma organização terrorista» empenhada em separar o Tibete da China.
Pequim tem sido alvo de pressões internacionais para dialogar com o Dalai Lama e muitos acreditam que concordou com os encontros para tentar fazer diminuir a pressão antes dos Jogos Olímpicos de Agosto.
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