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Mbeki compara cientistas da SIDA a nazis

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Presidente sul-africano insiste que doença não tem relação com vírus HIV

O presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, voltou hoje a fazer a manchete dos jornais pelas opiniões que mantém sobre a SIDA, nomeadamente a ideia de que a esta doença não tem qualquer relação com o vírus HIV, noticia a Lusa.

Há muito considerado um «dissidente da SIDA», Mbeki não só não mudou de atitude relativamente à doença como considerou, numa conversa com o seu biógrafo, que «os cientistas da SIDA são comparáveis aos médicos dos campos de concentração nazis».

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Segundo um excerto divulgado da biografia do presidente sul-africano, escrita pelo autor Mark Gevisser com o título «Thabo Mbeki: O Sonho Diferido», este disse ainda que «as pessoas de raça negra que aceitam os pontos de vista dos cientistas ortodoxos são vítimas auto-reprimidas de uma mentalidade esclavagista».

Para Mbeki, tais pontos de vista - que incluem a definição do vírus, a sua associação com a SIDA e os medicamentos anti-retrovirais como única forma de prolongar a vida dos pacientes - baseiam-se em «crenças e conceitos racistas com séculos de vida relativamente aos africano».

Gevisser escreve que quando perguntou qual foi a sua maior mágoa enquanto chefe de Estado, Thabo Mbeki respondeu ter sido quando foi persuadido em 2002 por membros do governo e do seu próprio partido a não expressar abertamente os seus pontos de vista sobre o HIV/SIDA.

«Doutora beterraba»

Depois de ter provocado enorme controvérsia em finais dos anos 90 com a sua associação aos chamados «cientistas dissidentes» e a expressão de pontos de vista contrários à ciência tradicional, Mbeki acabou por delegar na sua ainda mais polémica ministra da Saúde todas as declarações públicas sobre a epidemia, causas e possíveis tratamentos.

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A ministra, Manto Tshabalala-Msimang, viria a tornar-se objecto de anedotas e piadas na comunicação social e na opinião pública ao defender vezes sem conta que as melhores defesas contra a SIDA são os produtos hortícolas, como o alho, a beterraba e a batata africana.

Tais declarações valeram-lhe mesmo a alcunha de «doutora beterraba», além de numerosas situações embaraçantes em reuniões e conferências nacionais e internacionais.

Quer o presidente quer a ministra bloquearam durante vários anos o arranque de programas de tratamentos anti-retrovirais nos hospitais públicos, apesar de o país registar há mais de uma década mais de cinco milhões de seropositivos.

Mark Gevisser explica que Mbeki sempre defendeu que gostaria que o assunto fosse objecto de um debate público aberto, mas, ao mesmo tempo, sempre retratou os que não concordam com ele - incluindo Nelson Mandela, sindicalistas e centenas de activistas filiados no Congresso Nacional Africano (ANC) - como pessoas que são pagas pelas farmacêuticas, responsáveis pelo pânico lançado sobre a doença com o objectivo de aumentar a venda de medicamentos.

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Relações suspeitas

«Recentemente, o semanário Mail e Guardian divulgou ter em seu poder centenas de documentos que provam que Thabo Mbeki - tanto no período em que foi «vice» de Mandela, entre 1994 e 1999, como nos primeiros anos do seu mandato presidencial - injectou milhões de randes no controverso projecto de «cura da SIDA» da responsabilidade da técnica de laboratório luso-sul-africana Olga Visser, baptizado de Virodene e entretanto proibido.

Os fundos, que poderão ter saído nomeadamente dos cofres do ANC, foram, segundo o jornal, canalizados para o «projecto Virodene» pelo próprio Mbeki.

Numa entrevista à Lusa, em finais dos anos 90, Olga Visser reconheceu que mantinha contactos regulares com Thabo Mbeki e outros membros do governo do ANC, «que lhe teriam dado garantias de que a substância seria aprovada pelas autoridades de saúde para tratar a SIDA».

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