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Venezuela diz «não» a Chávez

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Referendo: presidente já não pode ser vitalício e aceita a derrota. «Dou os parabéns aos meus adversários por esta vitória», diz Hugo Chávez. Milhares festejam nas ruas Emigrantes portugueses apoiavam a reforma

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, conheceu este domingo a sua primeira derrota em oito anos. Os venezuelanos disseram «não» à reforma constitucional que dava a Chávez poderes quase ilimitados, onde era dada a possibilidade aos presidente de serem reeleitos sem limite de mandatos. Em referendo, 50,7 por cento dos eleitores rejeitaram esta reforma. Hugo Chávez já disse respeitar os resultados da consulta.

«Com o coração vos digo que por horas estive num dilema. Saí do dilema e já estou tranquilo, espero que o venezuelanos também», afirmou o presidente em entrevista, logo após o resultado apontado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

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«Dou os parabéns aos meus adversários por esta vitória», disse o presidente venezuelano, que propôs as mudanças à Constituição de 1999. «Por enquanto, não conseguimos», manifestou Chávez, antes de acrescentar que cumpre seu compromisso de respeitar as instituições.

Segundo o apuramento feito pelo CNE, 50,7 por cento dos venezuelanos votaram contra o primeiro bloco de artigos submetidos à consulta, enquanto 49,29 por cento optaram pelo «sim». O segundo bloco de reforma foi rejeitado por 51,05 por cento dos eleitores enquanto 48,94 por cento o aprovaram. A votação foi marcada pela abstenção às urnas, que chegou a 44,9 por cento.

O que estava em causa

A reforma, intitulada «Socialismo para o Século XXI» pretendia proceder à emenda de 69 dos 350 artigos da Constituição, que muitos temiam ser a porta para o totalitarismo na Venezuela.

Dos 69 artigos constitucionais sujeitos a referendo, dos quais 33 propostos directamente por Chávez, o mais polémico contempla a reeleição presidencial ilimitada e a extensão de cada mandato de seis para sete anos.

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O «não» foi defendido pela Igreja Católica, partidos da oposição, jornalistas, empresários e comerciantes, movimentos estudantis e até por sectores do «chavismo» que não pretendem um presidente vitalício.

Milhares celebram nas ruas

ESta segunda-feira, milhares de venezuelanos saíram às ruas do leste de Caracas para celebrar a vitória do «não» no referendo.

Cerca das 4h00 horas locais (8h00 horas em Lisboa), quase três horas depois de o Conselho Nacional Eleitoral ter divulgado os resultados, formaram-se cortejos automóveis, com buzinas, foguetes e tambores, pelas avenidas de Las Mercedes e Chacao.

Em Altamira (Chacao) os opositores à reforma constitucional ocuparam a Praça de França, local emblemático para a oposição, pois foi ali que em 2002 dezenas de militares se declararam em desobediência ao regime do presidente Hugo Chávez.

Chávez «não é um ditador»

O embaixador da Venezuela em Portugal afirmou à Lusa que a vitória do «não» no referendo à reforma da Constituição proposta por Hugo Chávez prova que o país não é uma ditadura, nem o presidente um ditador.

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«Impôs-se a vontade popular como sempre e estes resultados servem como exemplo e vêm esclarecer as pessoas que dizem que há ditadura na Venezuela e que Chávez é um ditador», disse o general Lucas Rincón Romero.

«Se o povo diz sim é sim, se diz não é não», acrescentou, sublinhando a «diferença mínima» de votos que deu a vitória ao «não» no referendo sobre a reforma socialista da Constituição.

EUA satisfeitos com derrota

O subsecretário de Estado norte-americano Nicholas Burns disse que a derrota de Hugo Chávez é uma «notícia positiva».

«Pensámos que este referendo ia fazer com que Chávez fosse Presidente para sempre e isso não seria um desenvolvimento positivo», referiu ao canal de televisão Channel News Asia, à margem de uma visita oficial a Singapura.

Em ESpanha, o porta-voz do PSOE, Diego López Garrido, mostrou-se surpreso com o resultado do referendo e diz que Chávez deve «saber tirar as ilações devidas».

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