Mark Weiss, antigo piloto da American Airlines, dirige a equipa de aviação civil do Spectrum Group, empresa baseada em Washington DC.
Este especialista norte-americano em aviação conhece a fundo a operação de investigações e buscas do voo MH370 da Malaysia Airlines, misteriosamente desaparecido a 8 de março passado, minutos depois de ter descolado do aeroporto de Kuala Lumpur, nunca tendo chegado a Pequim.
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A experiência de 20 anos a comandar um Boeing 777 em tudo idêntico ao que desapareceu leva-o a apontar para uma hipótese de «algum tipo de luta ter acontecido no cockpit», muito provavelmente provocada por um ou mais intrusos.
Entrevista exclusiva ao tvi24.pt.
A Interpol identificou pelo menos dois passageiros do MH370 a utilizar passaportes falsos (alegadamente, dois iranianos, sendo que um deles procurava asilo na Alemanha). Os dados já existentes sobre os passageiros podem ajudar à tese de desvio?
Sobre isso acho bastante estranho que as autoridades da Malásia já tenham garantido que conseguiram rastrear o «background» de todos os passageiros e da tripulação. Isso é estranho porque os meus colegas da CIA garantem-me que demoram meses, às vezes anos, a investigar o «background» dos pilotos. Se é assim com pilotos, como poderão as autoridades da Malásia, em dois meses, ter conseguido de 239 passageiros de 14 nacionalidades diferentes?
Se houve mesmo uma luta a bordo, que tipo de preparação têm os pilotos para uma situação dessas?
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Para ser honesto, é uma situação muito perturbadora, porque os pilotos são treinados para comandar, navegar e comunicar. E são treinados para, em caso de alguém tentar desviar um avião, comunicar o perigo à torre de controlo. E nada disso sucedeu.
É curioso que pense assim, porque o governo da Malásia tem defendido que está afastada a hipótese de atentado ou desvio do avião e que o que terá provocado o desaparecimento foi um incêndio ou explosão a bordo.
Bom, com o devido respeito, o que me parece em tudo isto é que o governo da Malásia não faz a mais pequena ideia ao que aconteceu aquele avião. Percebo que tenha sido incrivelmente difícil lidar com tudo isto. Mas o que noto é que o governo da Malásia não estava minimamente preparado para enfrentar o que se passou.
Em que medida?
Tratou mal a informação, não prestou informação suficiente aos familiares dos passageiros. Se isto se tivesse passado nos EUA, o desfecho poderia ser igualmente trágico, mas certamente que teria havido um tratamento mais próximo aos familiares das vítimas, que teriam um report diário do que se estava a fazer. Isso traria de volta os seus entes queridos? Não, claro que não. Mas numa situação como esta, a informação é fundamental.
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