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NATO: Ministro brasileiro contesta influência dos EUA

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Nelson Jobim vê «com reservas» a tentativa de ligação ao Atlântico Sul, considerando que os aliados europeus precisam de se «autonomizar»

O ministro da Defesa do Brasil contestou a influência dos Estados Unidos da América na NATO e disse ver «com reservas» a tentativa de ligação ao Atlântico Sul, considerando que os aliados europeus precisam de se «autonomizar».

Discursando no Instituto de Defesa Nacional (IDN), no encerramento de um seminário dedicado ao «Futuro da Comunidade Transatlântica», e ressalvando que falava como ministro da Defesa e não em nome do Brasil, Nelson Jobim teceu duras críticas ao relatório feito pela equipa de Madeleine Albright para o novo conceito estratégico.

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O governante brasileiro disse que o texto apresentado permite que a invocação de «interesses vitais» para a organização possa «justificar intervenções [militares] em qualquer parte do mundo» e criticou o objectivo de estabelecer um escudo de defesa antimíssil por parte dos aliados, um projecto impulsionado pelos americanos e apoiado pelo secretário geral da Aliança Atlântica.

«Soa-me muito pouco plausível que [o sistema de defesa antimíssil] defenda a NATO de organizações terroristas», observou.

Na opinião do ministro da Defesa do Brasil, a autonomia militar da Europa em relação aos Estados Unidos «não se concretizou» e «a falta de consenso entre europeus» incentiva o comportamento de andar «à boleia» da presença militar norte americana, afirmou.

«Enquanto perdurar a dependência da Europa face aos Estados Unidos, não será factível discernir de modo inequívoco onde começam os interesses dos primeiros e onde terminam os dos últimos», acrescentou.

Numa opinião também expressa pelo ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, que criticou o relatório Albright por colocar ao mesmo nível as Nações Unidas e outras organizações, Jobim lembrou que esta organização é «a única base legal internacional capaz de legitimar o uso da força» militar.

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Questionado pelos jornalistas sobre a intensificação de relações entre a NATO e o Atlântico Sul, o ministro brasileiro respondeu: «Primeiro, eu quero saber o que significa olhar e, segundo, eu quero substituir a palavra «para» por «com», olhar com o Sul e não para o Sul, isso é diferente».

Sobre os americanos, deixou outro recado ¿ «O senhor já viu algum oficial de quatro estrelas ou oficial superior comandar soldados americanos?»

Em relação a Portugal, Nelson Jobim ressalvou que há «uma relação muito próxima» e «um diálogo entre governos que é intenso e antigo», mas que é preciso que todos se «sentem à mesa».

Já o ministro da Defesa português, Augusto Santos Silva, disse aos jornalistas que esta «é uma perspectiva que enriquece [o debate]».

«Só justifica o que eu próprio defendi [durante a sua intervenção], a necessidade de um diálogo que a NATO seja capaz de conduzir com outras regiões do mundo, incluindo o Atlântico Sul», advogou.

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