Manuela Ferreira Leite considera que a proposta do Governo para baixar a Taxa Social Única (TSU) das empresas é uma medida sem sentido, que não vai criar «um posto de trabalho», e apenas vai destruir de forma «irreversível» a Segurança Social.
A ex-presidente do PSD diz que o problema das empresas não está nos custos com empregados, porque quando se oferecem salários de 500 euros a engenheiros e informáticos, não são os encargos com o pessoal que estão a «estrangular» as entidades patronais.
PUB
«[Alguma vez se ouviu] alguma organização patronal queixar-se dos encargos com pessoal? Eu não. Porque se houve reforma feita durante o período da troika foi a reforma laboral, da legislação do trabalho. (…) Quando estamos num país onde se oferecem empregos a engenheiros [e informáticos] por 500 euros, um salário mínimo, não me venham dizer que os encargos com pessoal é o que está a estrangular as empresas, e [mesmo que fosse] as empresas só por esse motivo vão contratar pessoal. [As empresas] contratam pessoal quando precisam para produzir, porque o consumo é maior do que o que conseguem [colocar no mercado]. (…) É a mesma coisa que irmos aos saldos e chegarmos a casa com uma data de coisas que não precisamos para nada, mas como foram muito baratas fomos comprá-las. (…) Isto não cria um posto de emprego»
«Não acredito que esta medida vá para a frente, [porque iríamos criar] a insustentabilidade da Segurança Social. (…) [As perdas da Segurança Social só podem ser colmatadas] com uma de duas formas: ou aumentando a contribuição dos trabalhadores, [como era intenção] em 2012, ou baixando as pensões porque não há dinheiro. Portanto, qualquer destas soluções significa virmos para o ano, ou [daqui a] dois anos demonstrarmos por A+B que bem queríamos ter uma Segurança Social melhor, bem queríamos não baixar as pensões, bem queríamos dar um subsídio de desemprego maior, só que não há dinheiro. É insustentável».
PUB
Greve da TAP: «A sociedade está doente»mostra que a «sociedade está doente»«Como precisa de mais medidas então toma logo uma que a torna insustentável, resolve o problema só de uma vez. Não é possível dizer ao mesmo tempo que temos uma Segurança Social que precisa de medidas para ser sustentável, o que considero verdade (…) [e depois avançar] por uma medida que [vai] matar de vez a possibilidade de [a] recuperar. Acho que não é aceitável em local nenhum, nem situação nenhuma. (…) Isto seria uma machadada que tornaria insustentável de forma irreversível a situação da Segurança Social».
«Não sou capaz de perceber quais são os motivos que podem justificar que as palavras já não cheguem e, muito menos, os acordos escritos já não cheguem. A única leitura que eu posso fazer disto, e a que farão muitos portugueses, é a ideia que as instituições não se respeitam mutuamente. E uma sociedade [onde isto acontece] é uma sociedade que está doente».
PUB