ACTUALIZADA ÀS 19h02
O membro da mesa nacional do Bloco de Esquerda Paulo Silva demitiu-se esta segunda-feira em protesto pela decisão da comissão política e grupo parlamentar de apresentar uma moção de censura, que considerou um «profundo desrespeito» por este órgão.
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Em declarações à Lusa, o responsável bloquista condenou o anúncio feito pelo líder do BE, Francisco Louçã, na passada quinta-feira, durante o debate quinzenal, de que apresentará uma moção de censura ao Governo a 10 de Março, cinco dias após a realização da reunião da mesa nacional, em que, garante, este assunto não foi abordado.
Paulo Silva apresentou a sua demissão, numa carta enviada por correio electrónico esta madrugada à comissão política.
Esta é a segunda demissão da mesa nacional em pouco mais de uma semana, depois de na reunião deste órgão de 5 de Fevereiro Isabel Faria ter anunciado que aquela seria a última reunião em que participava, adiantando que já não participará na convenção do Bloco marcada para Maio.
«A decisão, ao que parece, tomada durante uma reunião da comissão política com o grupo parlamentar, na terça-feira, traduz o mais profundo desrespeito da comissão política e do grupo parlamentar pelo grupo de 80 aderentes que, estatutariamente, constituem a mesa nacional», afirma o bloquista, na carta dirigida à mesa nacional.
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O bloquista recorda que a mesa nacional é o «órgão máximo entre convenções», mas «tem sido chamada a ratificar muitas decisões já assumidas», citando o exemplo do apoio a José Sá Fernandes na Câmara de Lisboa.
«Seria um atentado à minha inteligência continuar a participar num órgão que não exerce as competências que lhe são conferidas estatutariamente e observar passivamente a contínua e repetida ultrapassagem da comissão política e do grupo parlamentar», afirma.
Apesar de considerar que «o Governo merece uma censura política no Parlamento», Paulo Silva admitiu ter «as maiores dúvidas» sobre esta moção de censura, considerando que PSD e CDS vão rejeitá-la com base na «argumentação tipicamente de esquerda».
Para o agora ex-membro da mesa nacional, o BE quer «demarcar-se muito rapidamente do PS», após o apoio a Manuel Alegre nas presidenciais, e «roubar espaço» ao PCP, que já admitira apoiar uma eventual moção do PSD ou avançar com uma própria.
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