Francisco Louçã considerou esta quarta-feira no Parlamento que «o Governo merecia ser censurado, está censurado» por ter faltado à promessa de realizar um referendo ao novo tratado europeu.
«Em nome da democracia, o Governo merecia ser censurado, está censurado», afirmou Louçã no final de mais de três horas de debate no Parlamento, em que a maioria PS rejeitou a moção de censura apresentada pelo Bloco.
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E o leitor? Concorda com a moção de censura ao Governo?.
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Referendo? Só se outros fizessem
O líder bloquista considerou que, apesar de «chumbada» a moção no Parlamento, «lá fora» a «maioria os eleitores socialistas quer o referendo que o PS recusou». O deputado utilizou os exemplos de Manuel Alegre, António José Seguro e Vera Jardim para demonstrar que nem todos os socialistas estavam de acordo com a decisão do Governo.
No encerramento do debate, o deputado e coordenador da comissão política do Bloco acusou José Sócrates, de ter «falhado ao país» com o referendo europeu e considerou que o PSD, ao defender a ratificação parlamentar em vez da consulta, «também é censurado».
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Ao recusar a consulta popular, acusou, Sócrates quer que o novo tratado europeu, assinado em Lisboa a 13 de Dezembro de 2007, seja decidido por um grupo de «directores da Europa», «contra os europeus». Francisco Louçã apontou ainda contradições a Sócrates que elogia a importância do tratado que sucedeu ao tratado constitucional, mas depois impede os portugueses de se pronunciarem sobre ele.
O «nim» de Santos Silva
O discurso de encerramento foi efectuado pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Santos Silva, e não pelo primeiro-ministro. O Bloco de Esquerda contestou esta alteração, que alega não estar prevista, devendo, devido a importância da questão, o debate ser encerrado por José Sócrates.
Ainda assim, foi o ministro que falou antes da votação. Santos Silva afirmou que a abstenção do PSD à moção de censura se deveu a «tacticismo» e a desconfianças face ao modelo social europeu. Augusto Santos Silva disse que o «nim» dos sociais-democratas na moção de censura foi baseado numa alegada explicação do líder do PSD, Luís Filipe Menezes, de evitar o voto contra «apenas para não dar razão do Governo».
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«Um argumento tacticista», considerou depois, antes de acusar o PSD de ter como principal preocupação política «fixar os painéis de comentadores televisivos».
Madeira votaria a favor
Os três deputados do PSD eleitos pela Madeira afirmaram que votariam a favor da moção de censura ao Governo apresentada pelo Bloco se houvesse liberdade de voto no grupo parlamentar social-democrata.
Guilherme Silva, Hugo Velosa e Manuel Correia de Jesus entregaram uma declaração de voto em que afirmam que se abstiveram «por estar em causa questão sujeita à disciplina de voto».
«Não fosse tal circunstância», acrescentam, teriam «votado a favor da moção porque a atitude hostil do Governo socialista em relação à Região Autónoma da Madeira outra posição não justificaria».
Erro no quadro electrónico
A Assembleia da República viveu minutos de alguma confusão com um erro no quadro electrónico das votações que colocava os votos do CDS-PP a favor da moção de censura do Bloco de Esquerda ao Governo.
O caso provocou risos entre as bancadas depois de o líder parlamentar do CDS-PP, Diogo Feio, alertar para o engano e, durante minutos, o resultado errado esteve no quadro - os 11 votos errados democratas-cristãos.
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