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O relógio marcava as 23:00 de Lisboa, 00:00 em Bruxelas, o momento exato da entrada em incumprimento por parte da Grécia. Na TVI24, a essa hora, um debate especial com três especialistas concluiu que a Europa está a ir "contra a parede" e que tanto a dívida da Grécia como a de Portugal são "impagáveis".
O professor universitário Ricardo Paes Mamede foi o primeiro a levantar o problema da dívida para explicar o caos em que a Europa entrou:
"É impossível, seja a Grécia, seja Portugal, chegar a um saldo orçamental de 3,5% em 2018. Isso seria prolongar austeridade muito para lá daquilo que temos. Não há solução para isto. A solução é a reestruturação das dívidas. Estamos todos a ir contra uma parede"
"Não encontro sinais de loucura em Varoufakis. Encontro sinais de sensatez"
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"Obviamente que não há nenhuns sinais de loucura. Pelo contrário: os gregos são extremamente hábeis neste tipo de negociação" e, lembrou, a Grécia voltou ao crescimento no final de 2014, mas tudo foi por água abaixo já com o atual Governo. E, recordou também, a reestruturação da dívida teve uma janela de oportunidade logo quando o Syriza venceu as eleições.
"Em janeiro, havia uma enorme oportunidade. E o governo grego disse coisas sensatas. Todos já percebemos que dívidas não são pagáveis no estado em que estão. Estava em cima da mesa em janeiro e a possibilidade não apenas na Grécia, mas também em Portugal", atirou.
"O Ricardo tem razão quando diz que não há nenhuma solução plausível de crescimento numa economia como a nossa que nos permita pagar a dívida. Muito menos os gregos. O debate não pode incidir apenas sobre o caso grego, mas globalmente. O caso grego rompe com arquitetura em funcionamento e acaba por limitar a introdução da reestruturação da dívida neste momento", explicou.
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país está "prevenido" para o embatecausar nos mercados"Temos os cofres cheios de dívida. O BCE, ao fazer baixar profundamente as taxas de juro, abriu momento de bonança na Europa".
O embaixador e Paulo Sande quiseram frisar que a Europa precisa de uma solução, não querendo certamente empurrar a Grécia para fora do euro. "Não está nada um contra 18", disse Paulo Sande. A UE "precisa de uma solução".
Varinha mágicaRicardo Paes Mamede contou no final do debate que se encontrou com Alexis Tsipras há três anos, em Lisboa.
"Perguntei-lhe com ar de gozo o que ia fazer se Merkel batesse com a porta, um dia que fosse primeiro-ministro. Com a maior serenidade, disse-me que isto nunca foi tentado, nunca ninguém tentou negociar. E que foi eleito para não tirar a Grécia do euro".
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