«Câmaras devem fiscalizar stands de carros clandestinos»

Para o secretário-geral da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP), Hélder Pedro deverão ser as câmaras municipais as entidades a fiscalizarem a venda de carros «na rua». Em entrevista, o responsável critica ainda o aumento da importação de carros usados, na sua maioria, com mais de cinco ou seis anos. Uma tendência que terá de ser invertida, uma vez que estes poluem mais do que os carros novos.

Apesar da quebra de vendas que se tem assistido os veículos importados em segunda mão na param de crescer. Qual a razão?

Cresceu em 2006, o que é preocupante. O mercado nacional está a descer neste e, ao mesmo tempo, estamos a assistir ao aumenta do número de usados importados. Toma a haver uma opção que há dez anos foi muito significativa com todos os inconvenientes que isso tem para a segurança do país e do ambiente. O Governo prepara-se para inserir 30 por cento da componente ambiente no imposto automóvel mas depois vêm carros com cinco ou seis anos da Alemanha e poluem o mesmo que cinco carros novos. Ou seja, pelo mesmo valor de um novo com cilindrada mais baixa vai-se comprar um de cilindrada mais elevada mas com cinco ou seis anos. Vai poluir mais, vai ser um veículo em fim de vida em Portugal e em termos de segurança também não estará nas melhores condições.

A tendência é para se manter?

Esperemos que desça.

Tem de haver um maior controlo no mercado de usados?

Os usados são um sector muito importante do comércio automóvel. É um sector que queremos credibilizar e de algum modo dar uma imagem diferente daquela que tem tido. Daí termos lançado há cerca de um mês um novo produto: o Usado ACAP. O concessionário tem de assinar um contrato com a associação e isso obriga a respeitar determinadas situações.

Qual tem sido a adesão?

Já aderiram 100 empresas mas que representam o grosso do mercado em termos de volume de negócios.

Quais são as perspectivas?

Atingir o universo o mais possível.

E em quanto tempo?

Dentro de dois ou três meses.

Neste momento qual é o peso dos usados?

Cerca de 2,8 por cento, o que representa cerca de 500 mil veículos.

Por outro lado, temos vindo a assistir a um aumento das fiscalizações em relação aos stands ilegais?

No ano passado lançamos uma campanha para combater os stands clandestinos que fazem uma concorrência desleal aos comerciantes. Tivemos uma reunião com a Associação Nacional de Municípios que criou um grupo trabalho a partir da nossa proposta. Achamos que esta fiscalização é competência das câmaras, durante muitos anos não se sabia de quem era a competência, porque se trata de uma ocupação das vias públicas por uma actividade que a lei não permite. Estamos, no entanto, a assistir gradualmente a acções de fiscalização das câmaras, com a polícia municipal e fiscais camarários para tentar acabar com este fenómeno.

É uma mancha para o sector?

Sim, sem dúvida.

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