A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) defendeu terça-feira a criação de medidas éticas ou de um código de boas práticas para clarificar as relações entre os assessores governamentais e a comunicação social, mas contactados os directores pela «agência Lusa» o resultado foi este.
Na deliberação sobre as alegadas pressões do Governo junto dos media, o conselho regulador da ERC considerou ser importante uma «formalização de princípios e procedimentos que estruturem, com transparência e naturalidade, as relações diárias das assessorias de imprensa governamentais com os jornalistas».
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«Não vamos criar mais regras e mais regulamentos, é um excesso regulamentador», afirmou à «Lusa» o director de informação da «Rádio Renascença», Francisco Sarsfield Cabral.
«Com bom-senso e profissionalismo as coisas funcionam», reforçou, relembrando que existem princípios éticos e deontológicos que são conhecidos pelos profissionais de comunicação social e pelos assessores governamentais, que na maioria são ex-jornalistas.
«Vertigem normativa»
Na mesma deliberação, o órgão regulador sustentou que «a adopção dessas medidas - sejam elas normativas, éticas ou de boas práticas - por iniciativa das diferentes partes envolvidas», poderia tornar «mais claras» as relações do Governo com os jornalistas.
O director do «Correio da Manhã», Octávio Ribeiro, encara esta possibilidade como uma «vertigem normativa».
«Os jornalistas não são flores de estufa e os assessores não são anjos», afirmou o director do diário à «Lusa», defendendo que «as relações humanas têm momentos de tensão naturais e isso deve ser utilizado pelos jornalistas sempre em prol da qualidade informativa».
«Já existe tanto lixo normativo e lixo legislativo. Não precisamos de mais», reforçou o jornalista.
Contactado, o director da «SIC Notícias», Ricardo Costa, admitiu também ter dúvidas sobre esta matéria.
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