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A outra «rede» da Casa Pia

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O escândalo revelou uma realidade que o país não estava preparado para ver. Para combater os abusos sexuais, um grupo de pessoas vai criar a Rede de Cuidadores

Álvaro Carvalho é psiquiatra e tem acompanhado algumas vítimas do mega-processo da Casa Pia, mas é também um dos rostos da Rede de Cuidadores que vai ser apresentada no próximo domingo, dia 1 de Junho, e que visa apoiar vítimas de abuso sexual. O escândalo em 2002 trouxe «uma percepção da inevitabilidade e realidade» deste tipo de crimes e mostrou que para as vítimas «o que existe não chega».

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Abusador sexual não tem um perfil específico

«Apoio jurídico, social ou até uma residência onde ficar» são algumas das áreas onde a associação, sem fins lucrativos, irá intervir. Para garantir autonomia no exercício do trabalho, Álvaro Carvalho afirma ao PortugalDiário que nenhum apoio ou doação será aceite «sem ser analisado». Seja do Estado ou particular.

«O subsídio tem de ser bem intencionado. Infelizmente, do que se conhece a nível internacional, não são invulgares tentativas de branqueamento de capital ou de interferência no trabalho deste tipo de associações. Teremos de estar atentos até a nível de filiação e procurar sempre garantias de que estamos perante pessoas idóneas, que estão de alma e coração com a causa», explica. Para sobreviver a Rede de Cuidadores terá as quotas dos sócios e as doações.

Lei penal questionável

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Para Álvaro de Carvalho, os abusos sexuais «são uma problemática muito complexa» envolta em silêncios e com profundas marcas psicológicas. «A maioria dos casos acontecem no seio familiar e a lei penal tem muitos pontos questionáveis» como, por exemplo, «não faz a separação entre abusado e abusador, quando vivem na mesma casa». Tal como na «violência doméstica, muitas vezes, é a vítima que é obrigada a sair de casa».

A título de exemplo, o psiquiatra explica que quando estiverem estabelecidos acordos com outras associações internacionais «poderemos procurar lá fora um novo rumo para as vítimas, que por várias razões aqui não conseguem ter uma vida estável».

As testemunhas do mega-processo da Casa Pia poderão também recorrer à Rede de Cuidadores. «Até agora a instituição tem mantido a sua disponibilidade e apoio», mas devido, «ao conhecimento pessoal com algumas pessoas que vão trabalhar com a associação» é possível que procurem outra porta.

150 membros

A Rede de Cuidadores quer «disponibilizar apoio jurídico, apoio social, famílias de acolhimento», tendo também prevista a construção de uma residência para vítimas de abuso sexual. A primeira «casa» será em Lisboa, mas a associação «quer extensões em todo o país». Sem data prevista para começar a acolher vítimas, a Rede vai ser apresentada oficialmente este fim-de-semana e precisa «de tudo» porque «ainda não tem nada». «Mobília, material de escritório, cadeiras, telefones e até papel». Quando a residência de acolhimento estiver pronta «roupa e alimentação» também serão bem vindos.

Álvaro Carvalho admite que já várias empresas mostraram interesse em ajudar a rede, mas diz ser «cedo para revelar nomes». Até agora, cerca de 150 pessoas inscreveram-se para colaborar e entre os nomes mais conhecidos encontramos: o ex-ministro da Segurança Social, Bagão Félix; o empresário José Roquette; Maria José Nogueira Pinto ou Manuela Eanes, que dirige o Instituto de Apoio à Criança. A ex-provedora da Casa Pia de Lisboa, Catalina Pestana é, de alguma forma, «a mãe» da Rede e será também um dos seus rostos.

Quem quiser entrar em contacto com a associação, por agora, poderá fazê-lo através do e-mail rededecuidadores@gmail.com. Quando a sede estiver pronta, os interessados podem dirigir-se pessoalmente ao local ou telefonar.

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