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Violador de Telheiras: anos de «sorte»

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Henrique Sotero confessou ter começado em 2005 a abordar jovens com intuitos sexuais. Como conseguiu escapar durante tantos anos?

Henrique Sotero, o alegado «violador de Telheiras», terá abusado sexualmente de jovens desde, pelo menos, 2005. Mais de 40 crimes confessados à Polícia Judiciária, após a sua detenção a 5 de Março de 2010, surpreenderam tudo e todos. Como conseguiu escapar durante tanto tempo? Com alguma «sorte».

A Polícia Judiciária (PJ) não tem dúvidas de estar perante um predador sexual e deixou isso escrito no seu relatório final, após a conclusão da investigação a 22 de Julho. De acordo com o documento a que o tvi24.pt teve acesso, a PJ considera que, durante anos, o suspeito não olhou a meios para se satisfazer sexualmente. E, apesar de consciente da gravidade das acções, procurou sempre a sua realização libidinosa.

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Mas o que mais terá impressionado os investigadores foi a audácia com que agiu e os riscos extraordinários que correu para realizar os seus desejos. No seu relatório final, a PJ lembra, por exemplo, que o suspeito cometeu ataques em prédios diferentes, de uma mesma rua na zona de Telheiras. E, mesmo os que eram em ruas diferentes, estavam a escassos metros uns dos outros.

Isto sem esquecer que atacou a mesma vítima por duas vezes, no espaço de um ano.

Em várias situações, Henrique Sotero cruzou-se com testemunhas acidentais, mas por tão pouco tempo que poucas poderiam identificá-lo. Segundos bastavam para desaparecer sem deixar rasto.

Até as câmaras de videovigilância pareciam proteger os seus actos e a sua imagem nunca ficou registada. Ou porque estavam avariadas, ou porque filmavam apenas dois ou três metros de passeio.

Os ataques aconteciam quase sempre às quintas e terças-feiras e, mesmo com operações de vigilância semanais, a PJ nunca conseguiu identificar Sotero. Foram abordados dezenas de homens, distribuídos retratos robot por esquadras da PSP e pela GNR. Mesmo antes de saber quem era o autor do ataque, a PJ já sabia estar perante um violador em série. Os vestígios biológicos deixados em diferentes locais de crime assim o provavam.

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As suas impressões digitais não constavam de nenhuma base de dados, porque nunca tinha tido qualquer problema com a justiça. Recorde-se ainda que a base de dados de ADN é muito recente e, mesmo que estivesse a funcionar em pleno, o seu ADN não constava desta. Mas agora já consta, com autorização judicial.

Apesar de aparentemente arriscar, Henrique Sotero era cuidadoso na forma de agir e proteger a sua identidade. Dizia sempre às vítimas: «Não olhes para mim, olha para o chão». Talvez por isso, três das suas vítimas não o conseguiram identificar presencialmente. Nestes casos, os vestígios biológicos «confirmados» deverão fazer a prova em tribunal.

Só no dia 10 de Novembro de 2009, a «sorte» parece ter acabado. Henrique Sotero foi abordado pela PJ. Desde aí, não voltou a atacar e procurou ajuda médica. Mas nem com o suspeito na sua frente e o retrato robot na mão foi possível a identificação. O «violador de Telheiras» mudava frequentemente de aparência.

No dia 4 de Março de 2010, uma chamada de um homem, que preferiu manter o anonimato, aponta Henrique Sotero como o provável «violador». A mesma pessoa diz ainda à PJ que este já tinha sido abordado por agentes em Novembro do ano passado.

No dia seguinte, 5 de Março, a PJ deteve Henrique Sotero no seu local de trabalho.

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