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Donativos: maternidade começa a ser inspeccionada

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Auditoria à Maternidade Alfredo da Costa terá em conta «inspecção a actividades de gestão dos recursos financeiros, humanos e materiais»

A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) vai, a partir desta segunda-feira, realizar uma auditoria à Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, para averiguar a campanha do hospital junto dos doentes para a aquisição de donativos.

De acordo com o que apurou o tvi24.pt, a IGAS «irá deslocar-se às instalações da MAC para dar início à acção que antecipou depois das notícias avançadas pelos meios de comunicação sobre a campanha de angariação de donativos junto dos doentes», disse fonte da IGAS.

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A mesma fonte referiu que a auditoria irá culminar na «inspecção das actividades de gestão dos recursos financeiros, humanos e materiais».

Depois da MAC ter lançado uma campanha junto dos doentes para angariação de donativos para atenuar as dificuldades financeiras do centro hospitalar, após os cortes orçamentais instituídos pelo Governo, a IGAS pretende averiguar a existência de problemas financeiros e verificar eventuais descontrolos de contas devido a problemas de gestão ou de falta de boas práticas.

Abílio Lacerda, director clínico da MAC, disse ao «Diário de Notícias» que desconhece a existência de qualquer auditoria da IGAS ao centro hospitalar, assim como a presença de inspectores na instituição, mas afirma que se a IGAS visitar o hospital «é mais uma» das auditorias feitas nos últimos tempos, depois de inspecções das Finanças e do Tribunal de Contas.

O presidente da Associação dos Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, afirmou ter conhecimento de que alguns hospitais estão a solicitar medicamentos ou fraldas a doentes e familiares e que a situação está «errada», porque os hospitais assinaram um contrato-programa e têm de o cumprir, pois «não tem sentido, nem parece bem».

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Fonte da IGAS disse ainda ao tvi24.pt que uma segunda acção «pedagógica e preventiva» decorrerá esta semana em «dezenas de hospitais de todo o país», que serão alvo de inspecções para que seja averiguado se medicamentos ou outros materiais estão a ser recusados ou solicitados aos doentes.

«Humilhante» para o utente

António Arnaut, o criador da lei do Serviço Nacional de Saúde (SNS), classificou de «humilhante para a dignidade do utente» e «ofensivo para o Serviço Nacional de Saúde» a alegada recusa e pedido de medicamentos e outro material a doentes hospitalizados.

O «pai» do SNS disse que «os cidadãos portugueses ainda não chegaram tão baixo que possam aceitar tentativas deste género» e frisou que não acredita que «um responsável por uma unidade de saúde do SNS possa cometer a desfaçatez de solicitar que os utentes tragam medicamentos ou outro tipo de produto».

O antigo ministro dos Assuntos Sociais lembrou que situações desta natureza acontecem «em países muito pobres da Ásia, Paquistão, Sri Lanka, onde alguns doentes levam até os lençóis», considerando que as situações deste tipo acontecem por «desfaçatez da pessoa que teve essa iniciativa» ou «é mais uma tentativa de descredibilizar o SNS».

O socialista alertou ainda para que «todos os cidadãos conscientes recusem situações deste género» e referiu que rejeita este tipo de medidas, «porque o Estado ainda não chegou a este tipo de penúria e os cidadãos portugueses ainda não chegaram tão baixo».

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