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Terrorismo: «Todos podemos ser vítimas»

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Viveram atentados na pele e estão em Lisboa para alertar para um crime que pode atingir qualquer um

Angeles perdeu a filha no atentado de Madrid, Sue ficou sem uma perna após uma explosão em Londres e Daniele perdeu o irmão num ataque na Nigéria. Estas vítimas estão em Lisboa para alertar para um crime que pode atingir qualquer pessoa, escreve a Lusa.

«O pior não foi ter ficado sem uma perna. O que mais me perturba é este sintoma pós-traumático, esta dificuldade em voltar a confiar nas pessoas», assume Sue Hanisch perante uma plateia de vítimas e responsáveis de organizações que se reuniram, esta quinta-feira, em Lisboa num seminário promovido pela Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV).

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Sue Hanisch estava a conversar ao telemóvel quando a bomba do IRA explodiu na estação de comboios de Victoria, em Londres. «O IRA tinha emitido três avisos de bomba em três estações diferentes», recorda Sue Hanisch, que mantém vivos todos os detalhes daquela manhã de terça-feira de 19 de Fevereiro de 1991.

O atentado resultou numa morte e 41 feridos. Sue esteve «40 minutos deitada no chão à espera de socorro» e ali assistiu à tentativa falhada de «reanimar uma pessoa que estava mesmo ao lado».

«Quando somos objecto de um ataque deste tipo, em que todos os mecanismos de segurança que aprendemos desde pequenos desaparecem, começamos a ter medo de tudo e a questionar tudo», admite a mulher que durante semanas tinha «dificuldade em adormecer com medo que entrasse alguém pela janela do quarto».

«São assassinos», atira Angeles Pedraza, que perdeu a filha de 25 anos no atentado de 11 de Março, em Madrid. Para a presidente da Associação de Vítimas de Terrorismo, os bombistas não podem ser chamados de outra coisa pela comunicação social que não seja «assassinos». «Estas pessoas não são pessoas com ideologias de esquerda ou separatistas. São assassinas», repete.

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Ao seu lado, a presidente da Associação Francesa das Vitimas de Terrorismo, Daniele Klein, acena com a cabeça. «Perdi um irmão num ataque aéreo na Nigéria, em 1990, um bombardeamento que fez 170 vítimas de 80 nacionalidades diferentes», sublinha.

Em declarações à Lusa, a directora da Rede Europeia de Vitimas de Terrorismo, Maria Lozano, sublinha precisamente que «este é um problema transnacional».

«Toda a gente se pode tornar numa vítima e por isso é importante a colaboração de todos os países», sublinha Maria Lozano, lembrando que um português pode ser atingido quando está no estrangeiro.

Em Portugal, não há registo de atentados desde a década de 80 mas José Feliz, da APAV, lembra que existem familiares que ainda podem precisar de ajuda.

A APAV lança hoje um manual de procedimentos de apoio às vítimas, o Projeto PAX, que é cofinanciado pela Comissão Europeia através do Programa Prevenir e Combater a Criminalidade.

"Este manual ensina a enfrentar o luto e a proteger a integridade psíquica das vítimas e familiares", sublinhou por seu turno o secretário de Estado da Justiça José Magalhães, lembrando que "no mundo global todos os países devem estar preparados e não devem pensar que este é um problema dos outros".

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