O secretário de Estado e adjunto da Saúde considerou esta terça-feira que o Relatório da Primavera, que aponta efeitos da crise na saúde, peca “por omissão” e assegurou que o acesso ao Serviço Nacional de Saúde não está em risco.
Fernando Leal da Costa, que esteve presente na parte final do Relatório da Primavera 2015, elaborado pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS), disse aos jornalistas que não existem dados capazes de demostrar o impacto negativo da presença da 'troika' na saúde dos portugueses.
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Uma visão diferente dos peritos do OPSS, que analisaram a saúde dos portugueses após a intervenção da 'troika' e concluíram que, além de o número de enfermeiros estar “claramente abaixo” da média da OCDE (países desenvolvidos), os médicos estão mal distribuídos e o valor das taxas moderadoras afasta os utentes.
“O SNS é a instituição mais sólida do tecido social”, disse Fernando Leal da Costa, lamentando que alguns indicadores não constem do relatório, tais como a diminuição de doenças, como a tuberculose, ou a taxa de operacionalidade das Viatura Médica de Emergência e Reanimação, que “é total”.
“A história analisará o nosso trabalho com a imparcialidade que alguns analistas ainda não conseguem ter”, disse.
O perito lamentou a dificuldade de acesso aos dados, uma critica que, no final da apresentação do relatório, o secretário de Estado e adjunto da Saúde atribuiu à grande produção de dados que a tutela solicita aos parceiros do setor.
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A saúde mental foi abordada neste documento, tendo Manuel Lopes terminado a sua intervenção a solicitar “um pouco mais de dignidade” para esta área.
A pediatra Maria do Céu Machado, presente na cerimónia, começou por classificar de “uma falácia” a alegada substituição de 15 especialistas por 13 internos.
A antiga Alta Comissária da Saúde chamou a atenção para a mudança da sociedade, exemplificando com situações como a de doentes com 70 anos que ganham hérnias discais por levantarem a mãe, de 90 anos.
O farmacêutico António Hipólito de Aguiar corroborou uma das conclusões do relatório que identifica dificuldades no acesso dos portugueses aos medicamentos.
“Todos os dias há doentes que não podem comprar os medicamentos que precisam para a sua doença”, afirmou.
O farmacêutico atribuiu a situação de falência de algumas farmácias à redução das margens de comercialização dos medicamentos.
O médico de clínica geral Armando de Brito e Sá levou à audiência uma crítica: “Com a desculpa que ninguém conhece um doente como o seu médico de família, é exigido a este profissional um conjunto cada vez maior de funções”.
“O médico é esmagado por ações que, muitas vezes, nada têm a ver com a sua função”, adiantou.
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