A família que durante 20 meses tratou de uma bebé entregue pela mãe, em Moselos, Viseu, que viu a Segurança Social retirar-lhe a criança no dia 12 de Março, está a promover um abaixo-assinado visando a revisão daquela decisão, escreve a agência Lusa.
Fátima Coelho, que cuidou a bebé porque a mãe «não tinha condições para a tratar», disse esta segunda-feira à Lusa que está disposta «a lutar até às últimas consequências» e «a gastar o que for preciso» pela guarda da menina retirada pela Segurança Social.
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«Estamos a promover um abaixo-assinado e já recolhemos quase 400 assinaturas», disse.
A bebé de dois anos foi retirada pela Segurança Social à família que a acolheu durante cerca de 20 meses e entregue pelo tribunal ao avô paterno.
No abaixo-assinado que está a circular pela população de Moselos desde quinta-feira, lê-se que Fátima Coelho e marido «são pessoas honestas, integradas na sociedade, muito amigos dos mais desfavorecidos, que nutrem um amor exemplar pela criança, zelando pelo seu bem-estar, tendo-a sempre bem tratada e arranjada».
Em declarações à Lusa, a «mãe afectiva» explicou que o abaixo-assinado vai ser entregue à sua advogada, «para posteriormente ser enviado ao Tribunal».
«Não há nenhum motivo que justifique a retirada da menina, que criei desde os quatro meses de idade», alegou, acrescentando que, «depois de correr a várias instituições», acabou por conseguir ver a bebé na quarta- feira.
Fátima Coelho garante que a criança «pediu para a levar para casa, mas depois o suposto avô levou-a. Nos dias seguintes tentei vê-la novamente, mas aí já me barraram a entrada na instituição onde se encontra».
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A menina chegou a casa de Fátima Coelho e marido, residentes em Moselos, tinha então apenas quatro meses.
Dois dias depois de ter ficado com a criança, a 4 de Julho de 2005, deslocou-se «à Segurança Social para falar com a assistente social», que a remeteu «para a Comissão de Protecção de Menores, onde disseram que teria de ser tudo tratado com a mãe da menina, que teria de assinar um papel».
Quase um ano depois, Fátima Coelho foi «chamada ao tribunal e interrogada por um funcionário, que disse para aguardar serenamente decisão do juiz».
A 8 de Fevereiro, foi a uma conferência no tribunal e ficou a saber da intenção de «entregarem a guarda ao suposto avô paterno».
«Suposto, porque ainda se esperam os resultados do teste de paternidade. Os pais são ambos brancos e a menina não», justificou.
A 12 de Março, uma assistente social, uma psicóloga e a polícia bateram à porta de Fátima Coelho para levar a menina de dois anos, por ordem do Tribunal.
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