O secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde disse este sábado, em Coimbra, que as avaliações externas ao desempenho de centros de saúde «têm custos muito elevados» pelo que a tutela não vai desperdiçar recursos financeiros nesses mecanismos, noticia a Lusa.
A questão das avaliações externas à organização e gestão dos agrupamentos de centros de saúde foi hoje suscitada num debate promovido pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) sobre a reforma dos cuidados de saúde primários (CSP).
PUB
Em declarações aos jornalistas, Fernando Leal da Costa disse que já foi feita «alguma avaliação externa» à reforma dos CSP, admitindo, porém, que existem áreas «onde não foi possível».
«Somos os primeiros a concordar que na organização dos agrupamentos de centros de saúde, unidades de saúde local e algum desempenho hospitalar justifica-se. Mas também é preciso não nos iludirmos, alguma dessa avaliação externa tem custos muito elevados e temos de saber fazê-la de forma racional», advertiu.
«O ministério da Saúde não pode, como já aconteceu no passado, ser essencialmente uma agência de contratualização de serviços externos, muito dispendiosos e de fraca utilidade. Nós não vamos desperdiçar os meios dos portugueses», acrescentou Fernando Leal da Costa.
Classificou de «essencial» a reforma dos cuidados de saúde primários, garantindo que o Governo lhe vai dar continuidade, com dois objeCtivos: «conseguir que cada português tenha o seu médico de família» e que o Serviço Nacional de Saúde seja «sustentável e comportável para aquilo que é a capacidade económica dos portugueses».
PUB
Frisou que os obstáculos à reforma não se cingem apenas a questões financeiras e de custos, apontando questões relacionadas com falta de recursos humanos na área da saúde.
«Há claras circunstâncias em que nos falta gente qualificada em número suficiente», declarou.
Frisou que o Governo gostaria de não precisar de contratar médicos estrangeiros «mas não podemos ter uma visão xenófoba em relação ao exercício da medicina».
«Também há muito médico português que é contratado no estrangeiro e isso, ao contrário do que alguns dizem que é um exemplo de que estamos sujeitos a uma perda de recursos humanos, é acima de tudo, o reconhecimento da enorme qualidade dos profissionais portugueses na área da saúde», argumentou.
Reafirmou a intenção do Governo em resolver o problema da falta de médicos de família durante a actual legislatura, formando mais profissionais e «interessar médicos portugueses que se formaram no estrangeiro a regressarem a Portugal».
Já Manuel Pizarro, deputado do PS e antigo secretário de Estado da Saúde, defendeu a necessidade da reforma dos cuidados de saúde primários constituir uma prioridade do executivo.
«Acho essencial que o Governo tenha um discurso e uma prática que apoie efectivamente a criação de novas unidades de saúde familiar. No último semestre do ano passado assistimos a um claríssimo abrandamento na criação de novas unidades e isso é muito grave porque está comprovado que estas novas unidades facilitam o acesso dos cidadãos, melhoram a qualidade dos cuidados e diminuem os custos para o Estado», disse.
PUB