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Triplo homicida de Queluz diz que queria «pregar um susto»

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O arguido encontra-se em prisão preventiva desde 30 de agosto de 2012

O homem acusado do triplo homicídio de Queluz, em 2012, disse hoje em tribunal que apenas queria «pregar um susto» às vítimas devido a problemas de negócios e que o incêndio no elevador não foi premeditado, mas uma fatalidade.

O crime, ocorrido a 13 de agosto do ano passado, provocou a morte de duas mulheres, mãe e filha [cunhada e sobrinha do arguido], de 70 e 34 anos, e de um segurança, de 34 anos, contratado por uma das mulheres que, alegadamente, já tinha sido ameaçada de morte pelo suspeito.

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Na primeira sessão do julgamento, em Sintra, Francisco Ribeiro, de 58 anos, explicou que era sua intenção «despejar as duas sacas com álcool [cerca de três litros no total] à entrada do elevador» e «fazer uma barreira de fogo» para que as familiares «refletissem e resolvessem» o alegado conflito que mantinham com ele, há vários anos, por causa de uma sociedade com duas clínicas.

O arguido disse que usou um lenço e um capuz, que levou duas sacas com álcool [comprado nas duas semanas antes do crime e guardado numa garrafa de litro e meio] e dois isqueiros de cozinha.

O homem acrescentou que imobilizou o elevador com uma chave sextavada, o qual parou a um nível inferior [pelo meio do tronco do segurança] em relação à sua posição. Quando a porta se abriu, segundo o arguido, o segurança, ao tentar agarrá-lo pelas pernas, puxou as sacas com o álcool para o interior do elevador, «regando as vítimas» com o líquido.

De seguida, mas sem conseguir explicar ao coletivo de juízes como aconteceu, o arguido diz que "carregou sem querer no isqueiro" que provocou uma explosão de chamas.

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Lurdes Almeida, Rute Almeida e Ailton Gonçalves morreram carbonizados dentro do elevador.

«Foi tudo muito rápido, uma fração de segundos. Só vi os corpos a caírem e ninguém gritou. Ficou tudo descontrolado e não estava à espera que isto acontecesse. Estou arrependido e sinto-me responsável pelo que aconteceu», afirmou Francisco Ribeiro, que se emocionou duas vezes ao contar a sua versão dos factos.

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O arguido, que se entregou às autoridades com algumas queimaduras, explicou que na origem da sua atitude estiveram divergências e uma relação conflituosa que mantinha com a cunhada, desde 1999, ano em que deixou de ser gerente da sociedade [da qual também era fundador], e em que ambos eram sócios.

O homem acrescentou que pelo meio deixou de receber ordenados, que viriam a ser pagos mais tarde, e que a situação culminou com uma decisão judicial, de 2010, que o impedia de frequentar as instalações da empresa.

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«Não sei se este inferno [crime] que vivi é pior do que aquilo que passei nestes 13 anos. Quando tentava sair da sociedade, arranjavam sempre mais algum problema. O único objetivo dela [cunhada] era o de destruir a minha vida», afirmou Francisco Ribeiro.

A viúva do segurança, também ouvida hoje em julgamento, afirmou que a senhora para quem o seu marido trabalhava «tinha sofrido ameaças» do arguido.

À saída do tribunal, o advogado do suspeito classificou o ocorrido «como um infortúnio e não uma premeditação». Questionado sobre se uma pena inferior a 25 anos seria uma pena justa, Pedro Madureira não quis «fazer comentários».

O arguido está acusado de três crimes de homicídio qualificado e de um crime de incêndio, e encontra-se em prisão preventiva desde 30 de agosto de 2012.

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