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«Muito nova para a reforma»

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Junta médica obriga doente fisicamente limitada a voltar ao trabalho

Uma funcionária pública que estava de baixa há três anos devido a uma operação cirúrgica mal sucedida, que a deixou fisicamente limitada, foi notificada pela Caixa Geral de Aposentações para se apresentar, segunda-feira, ao serviço.

«É uma situação inadmissível, revoltante, injusta e, acima de tudo, desumana», disse hoje à Lusa Ana Maria Brandão, de 43 anos, funcionária administrativa na Junta de Freguesia de Vitorino de Piães.

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Depois de uma operação mal sucedida a uma hérnia discal, em 1998, Ana Maria é hoje obrigada a usar um colar cervical dia e noite, uma braçadeira no braço direito e uma cinta lombar.

«A minha dependência de terceiros é total, mas amanhã, às 9:00, lá estarei, na sede da Junta de Freguesia, para pegar ao serviço», diz, acrescentando que que não consegue escrever, «nem virar uma página», abrir uma porta, pegar numa pasta, andar mais de 20 metros sem ajuda, ou ir à casa de banho sozinha.

Em Fevereiro de 2006, Ana Maria foi a uma Junta Médica da ADSE, que a terá considerado incapacitada para o trabalho.

«Muito nova para a reforma»

«Mas entretanto uma outra Junta Médica, na Caixa Geral de Aposentações de Viana do Castelo, disse que não senhora, que ainda podia trabalhar, que ainda era muito nova para a reforma e, na sexta-feira, sou informada pela Junta de Freguesia que tenho ordens para voltar a pegar ao serviço», criticou.

«Vou ter que ir com o meu pai e ele vai ter que ficar lá o dia todo comigo, porque nem sequer me posso baixar para apanhar um papel que eventualmente deixe cair ao chão», acrescentou.

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Ana Maria tem vindo, nos últimos anos, a ser acompanhada por um neurocirurgião, um psiquiatra e um fisioterapeuta, além do seu médico de família.

«Tenho uma lombalgia e uma cervicalgia degenerativas. Se eu peço a reforma é porque sei que não tenho cura. Tomara eu poder sentir-me em condições de voltar ao trabalho e de fazer uma vida normal», desabafou.

Já participou mesmo o seu caso à Procuradoria-Geral da República, que a aconselhou a defender os seus interesses pelas vias judiciais, uma vez que o assunto «não se insere no âmbito da intervenção» daquele organismo.

«Não queria ir por aí, porque somos uma família de parcos recursos e toda a gente sabe como os processos em tribunal são morosos e dispendiosos. Mas essa é uma hipótese que tenho que equacionar, em nome da justiça e da minha própria dignidade», disse ainda.

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