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Faculdade de Ciências proíbe praxes para evitar «bestas e bárbaros»

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Diretor da FCUP descobriu que «as comissões de praxe nem eram constituídas por estudantes da Faculdade de Ciências e, em alguns casos, nem universitários eram»

A praxe académica no interior da Faculdade de Ciência do Porto está proibida desde 2010 para evitar «comportamentos bestas e bárbaros», lembrou o seu diretor, nesta segunda-feira.

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António Fernando Silva defende que as associações de estudantes deveriam opor-se abertamente a este tipo de manifestações, assumindo uma atitude pedagógica junto dos jovens que chegam à universidade.

«O movimento estudantil não favorece isto, mas também não se opõe abertamente. Eles também têm alguma responsabilidade nestes casos. As associações de estudantes sabem de muitos destes atos bárbaros que se cometem e não querem envolver-se diretamente. Dizem que está fora do movimento associativo, é verdade que está, mas podiam ter uma ação muito mais pedagógica no sentido de evitar certos comportamentos», considerou.

O diretor da FCUP disse à Lusa que proíbe a entrada de comissões de praxe nas instalações da sua faculdade desde que descobriu que «essas comissões nem eram constituídas por estudantes da Faculdade de Ciências e, em alguns casos, nem universitários eram».

«É uma situação muito complicada porque estão envolvidas muitas pessoas fora da universidade, pessoas que já acabaram o curso, pessoas que não estão matriculadas em parte nenhuma ou pessoas que são de outras escolas de ensino superior. Como não há qualquer tipo de identificação, é impossível controlar. Ninguém consegue identificá-los. Eles podem ser estudantes ou não, qualquer pessoa pode comprar um traje num sítio qualquer, constituir um grupo e andar por aí, assim, a fazer essas barbaridades todas», alertou.

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Por isso, António Fernando Silva considera que se trata de «um problema cultural, educacional, e que é preciso alertar os pais e os jovens, mas antes de eles chegarem à universidade».

A questão que se coloca, sublinhou o professor universitário, é saber quais são os limites. «O limite para mim é proibir esse tipo de manifestações dentro da faculdade. Fora da faculdade, deixo ficar a definição dos limites para cada um, como é normal numa vida democrática e de cidadãos livres. Se querem cantar, dançar, brincar acho muito bem, também o fiz no meu tempo, se querem ter comportamentos de bestas e de bárbaros não concordo, mas já não tenho poder para intervir.»

António Fernando Silva contou que em 2010 decidiu proibir a praxe académica no interior da escola por considerar que «o que se estava a passar era indigno e podia comportar até riscos legais, responsabilidade civil e penal».

Na ocasião, «houve um acidente com uma aluna nossa». «Uns estudantes meteram-na numa casa de banho pública e cortaram-lhe o cabelo. Ela veio cá queixar-se, mas eu não tinha nenhum instrumento para atuar e encaminhámo-la para a polícia, porque era mesmo um caso de polícia», acrescentou.

«Tudo isso e a experiência de situações que eu tinha visto e das quais discordava levaram a emitir um despacho no sentido não só de não autorizar como alertar todos os estudantes no momento em que entravam na faculdade», referiu.

Esse despacho é distribuído por todos os estudantes que se matriculam pela primeira vez na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e alerta para as consequências penais da praxe e sobre as regras que devem ser praticadas.

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